Banca de DEFESA: ADRIELMA SILVEIRA FORTUNA DOS SANTOS
13/11/2020 10:49
Esta tese analisa o surgimento de movimentos sociais à direita e a organização de eventos de protestos por estes no estado de Sergipe, no período entre 2014 e 2019. Ela contribui com uma discussão mais abrangente que foca nos movimentos sociais e em suas dinâmicas de organização e atuação como sendo um ponto de partida para investigar quem são os atores sociais que constroem esses movimentos, quais são suas redes sociais prévias, quais são as alianças, os conflitos e as estratégias utilizadas em diferentes arenas políticas. Desta forma, foram analisadas as lógicas de organização, de entrada e as formas de ação desses movimentos e atores à direita em torno de três arenas políticas principais: a rua, a universidade e as eleições. Assim, lançamos mão de conceitos e dimensões de análise que buscam dar conta de aspectos micro, meso e macrossociológicos que envolvem nosso objeto. Os procedimentos metodológicos consistiram: na etnografia dos eventos de protestos; no levantamento de informações acerca do surgimento dos movimentos sociais à direita e dos elementos que compõem um evento de protesto (local, atores, reivindicações, repertórios, etc.), tendo como fonte jornais eletrônicos, a observação participante e as mídias sociais de alguns movimentos sociais à direita específicos. Tal levantamento resultou na construção de um banco de dados com o registro de 140 eventos de protestos; na análise dos espaços de socialização, das redes sociais prévias, do perfil social, político e militante de 28 lideranças, por meio de entrevistas semiestruturadas. Com base nos resultados encontrados, a tese que defendemos é a de que o surgimento e consolidação dos movimentos sociais à direita em Sergipe entre 2014 e 2019 só foi possível devido à articulação de três fatores: um contexto político favorável, que oportunizou a entrada de novos atores na política institucional e na política associativa; recursos de comunicação de baixo custo e de alto alcance, em especial Facebook e WhastApp, sendo que esses reduziram riscos do engajamento individual nos movimentos sociais e em eventos de protestos; por fim, a disposição biográfica e as redes de relações prévias, que permitiram a construção de uma identidade coletiva à direita e de um sentimento de pertencimento ao grupo, bem como contribuíram para criação e sustentabilidade dos primeiros movimentos. Os resultados demonstraram que o campo dos movimentos sociais à direita é caracterizado pela imbricação ideológica, pela pluralidade e fragmentação; que as redes sociais virtuais, redes de relações prévias de determinadas lideranças, bem como as redes de apoiadores e patrocinadores foram fundamentais tanto para a criação quanto para a sustentabilidade dos movimentos sociais à direita em Sergipe; os resultados indicaram que as manifestações de junho de 2013, as eleições de 2014, de 2016 e 2018, foram eventos que geraram oportunidades e condições objetivas e simbólicas para a organização dos movimentos sociais em questão. Deste modo, esperamos que nossa pesquisa tenha evidenciado as dinâmicas locais de atuação dos movimentos sociais analisados e que isso contribua para análises comparativas e para que outros pesquisadores tenham curiosidade e interesse pelo tema que ainda carece de estudos
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