Banca de DEFESA: ANA CRISTINA TEODÓZIO
16/06/2020 17:54
Mais de quarenta anos após o desaparecimento de seu pai, preso, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar brasileira, o escritor Marcelo Rubens Paiva retornou com sua escrita memorialística ao lançar o romance Ainda estou aqui. A obra conta a sua história familiar, centrada na mãe, Eunice Paiva, e deixa como legado o trauma gerado pela morte do pai aos leitores de suas memórias. Desse modo, de caráter autobiográfico e publicado em 2015, o romance se constituiu em obra denúncia contra a opressão ditatorial, tornando-se uma arma na luta contra o esquecimento do desaparecimento político e morte do ex-deputado federal Rubens Beyrodt Paiva. Analisar esta obra significou recuperar a memória de um dos períodos mais tensos da história do Brasil, bem como deixar viva a memória de desrespeito aos direitos humanos. A base interpretativa com a qual se trabalhou nesta pesquisa foi a de que a escrita da memória empregada por esse autor assumiu uma função social e moral. Social à medida que fornece subsídios para esclarecimento e compreensão dos fatos de determinado período histórico a partir de um ponto crucial – o desaparecimento de seu pai – contestando a versão oficial. E moral ao realizar aquilo que se entende como uma prestação de contas com a própria consciência, com as ações adotadas por si e por sua família diante da postura antiditatorial assumida. A pesquisa objetivou, assim, compreender a história de luta e resistência dessa família que sofreu a violência política impetrada pelo regime ditatorial, e discutir o uso da autobiografia como lugar de memória, resistência e denúncia. Buscou ainda, analisar as políticas públicas de memória e de reparação aos crimes da ditadura brasileira, utilizando com fonte para o desenvolvimento de suas ideias, os escritos autobiográficos Ainda estou aqui (2015) e Feliz ano velho (1982), do escritor Marcelo Rubens Paiva; a biografia de Rubens Paiva (2013) escrita por Jason Tércio; entrevistas escritas e faladas; matérias de jornais; cópias de processos judiciais e um relatório da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio).
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19130-f2d2efc73e