Banca de QUALIFICAÇÃO: SHIRLEY VERÔNICA MELO ALMEIDA LIMA
14/04/2020 09:45
A tuberculose é uma doença infecciosa conhecida mundialmente por seus fatores de vulnerabilidade, magnitude e transcendência. É considerada como um problema de saúde mundial. Atualmente, verifica-se o maior número de casos de tuberculose de toda a história da humanidade, apesar de ser curável há mais de 50 anos. O Brasil tem apresentado declínio contínuo da tuberculose por uma década e meia, porém ainda é considerado um país endêmico da doença. Em Sergipe essa realidade apresenta-se contraditória, pois o número de casos tem aumentado. A tese propôs analisar o perfil epidemiológico e a distribuição espaço-temporal da tuberculose em Sergipe entre o período de 2001 a 2018. Trata-se de um estudo epidemiológico de caráter ecológico, temporal, com abordagens individuais e coletivas levando em consideração os Determinantes Sociais da Saúde. Foram utilizados bancos de dados oficiais do sistema de saúde brasileiro para os casos de morbidade e mortalidade da tuberculose. Os dados espaciais e sociodemográficos foram obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As análises estatísticas compuseram modelos de regressão logística bivariada e multivariada, modelo de regressão hierárquico, análises de tendência e espaciais e a confecção de um nomograma de risco. Os achados evidenciaram que há uma tendência crescente nos casos de tuberculose em menores de 20 anos e entre 20-39 anos, especialmente para o sexo masculino. A cura apresentou tendência decrescente. O abandono do tratamento representou 18.21%. O maior percentual no sexo masculino (20.0%), raça/cor preta (20.3%), pessoas entre 20 – 39 anos (21.8%), com 4 a 7 anos de estudo (23.6%), reingresso após abandono prévio (58.1%), com AIDS (42.3%), transtorno mental (36.8%), uso de álcool (31.0%), drogas ilícitas ( 39.3%), tabagista (26.5%) e população de rua (55.4%). A análise preditiva mostrou que características sociodemográficas, comportamentais e epidemiológicas apresentam mais chances de abandonar o tratamento. As características ecológicas apresentaram que os indivíduos que vivem em municípios com alto IDH (OR:1.91) e alta desigualdade de renda (OR:1.81) tem chances maiores de não finalizar o tratamento. Observou-se dependência espacial quando a incidência em quase todo território Sergipano. A correlação espacial mostrou clusters na região Sudeste e Norte do estado. O perfil dos óbitos foi prevalente no sexo masculino, a raça/cor parda, a faixa etária entre quarenta e cinquenta e nove anos e baixa escolaridade. A regressão logística multivariada identificou a taxa média de incidência por tuberculose (ORa: 1.06), a proporção de testagem de HIV (ORa: 7.10), pessoas sem ensino fundamental e ocupação informal (ORa: 1.26) e pessoas vivendo em domicílios urbanos sem a coleta de lixo (ORa: 0.10) como determinantes associados a municípios com maiores taxas de mortalidade por TB com curva ROC: 84% (p-valor >0.000). Conclui-se que o acesso aos serviços de saúde, a urbanização acelerada com grandes bolsões de pobreza e as condições de moradias insalubres mantem a epidemia da TB no Brasil e em Sergipe, corroborando tendências globais. A tese reconhece áreas de risco e grupo prioritários para subsidiar o planejamento em saúde, refinar o foco da atenção e fornecer evidências quanto à epidemiologia espacial e temporal da tuberculose em Sergipe.
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