Banca de QUALIFICAÇÃO: JULIANA LIMA DA COSTA
13/03/2020 15:19
O processo circunscrito ao esvaziamento do campo no bojo do desenvolvimento do capitalismo como tendência mundial, segue no Brasil, particularmente, a partir da década de 1930, quando o Estado intensifica sua ação com o intento de uma maior inserção do país na dinâmica reprodutiva do capital, o que resultou em profundas transformações nas relações de trabalho e de produção no campo e na cidade. A base da economia até então agrário-exportadora, passa a ser, em sua concepção, urbano-industrial, ainda que frações significativas da burguesia de origem agrária estivessem vinculadas aos propósitos econômicos, políticos e sociais que consideravam a atividade industrial como perspectiva de superação do atraso. No interior da dinâmica espacial, registra-se uma progressiva redução da população do campo com o correlato e acelerado processo de urbanização. Constata-se, sobretudo a partir da dácada de 1960, uma mobilidade do trabalho cada vez mais intensa, seja entre estados, municípios ou entre o campo e a cidade. Essa mobilidade, compreendida como um fenômeno que promove o deslocamento espacial, setorial e profissional do trabalhador, com o objetivo do Capital explorar sua força de trabalho e acumular excedente econômico, materializa sua condição de sujeição ao Capital. No caso desta pesquisa, a mobilidade do trabalho camponês é analisada partindo do princípio que os camponeses migram para a cidade, contudo, parte da família continua a trabalhar em seus sítios, retornando para a cidade ao final do dia. Essa mobilidade pode representar a subordinação/liberdade do camponês, mas pode representar também, uma resistência ao cerco que o capital lhe impõe. Compreendemos a necessidade de observar e entender que existem diferenças fundamentais no processo de desenvolvimento do capitalismo e a partir do método de interpretação Materialismo Histórico Dialético, bem como dos procedimentos metodológicos a serem seguidos, analisar o processo de mobilidade do trabalho camponês em Itabaiana/Sergipe, tendo presente as singularidades no contexto mais amplo de expansão do capitalismo no campo brasileiro, para compreender de que forma essa mobilidade contribui, ou não, para a manutenção da terra como condição de vida, ao mesmo tempo, entender os fatores que motivam os camponeses a migrarem para a cidade e continuarem vinculados à terra.
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