Banca de DEFESA: POLIANA MACHADO DA SILVA MOREIRA
12/02/2020 16:57
A sociedade atual alcançou um nível elevado de modernização caracterizada pela evolução da informação, a produção de riquezas e a criação de novas tecnologias, o que permitiu melhores condições de vida para o homem. Em contrapartida manifestam-se profundas crises ambientais relacionadas ao uso indiscriminado dos recursos naturais e às variadas formas de degradação socioambiental. Dentre as atividades realizadas pelo homem na modificação do meio natural, a mineração se destaca. Uma atividade industrial importante e necessária, embora modificadora do meio ambiente, frequentemente associada às questões sociais, envolve conflitos de uso do solo e geração de áreas degradadas, os quais são gerados pela falta de estratégias de intervenção que reconheçam a pluralidade dos interesses envolvidos. Esta pesquisa tem como local de estudo o município de Brumado situado no sudoeste baiano, a 650 km de Salvador. A organização geoeconômica da produção mineral em Brumado caracteriza-se por inserir no cenário econômico do país os chamados minerais não metálicos. Desde a implantação das mineradoras o município transformou-se em um expoente na exploração mineral, o que trouxe uma nova dinâmica socioespacial. Nesse contexto concebe-se a tese de que a atividade mineradora gera conflitos socioambientais, norteada pelo objetivo geral de compreender como a atividade mineradora vem produzindo novas territorialidades no município decorrente de sua dinâmica econômica. O método escolhido para a interpretação do problema é o estruturalista e os procedimentos metodológicos para a análise foram: levantamento bibliográfico e documental, entrevistas, aplicação de questionário semiestruturado, diário de campo e mapeamento. Os resultados evidenciam que a população e o poder público local, pelo discurso de que a mineração trouxe o desenvolvimento, enxergam na atividade mineradora uma oportunidade de desenvolvimento econômico e de ascensão social, deixando de promover outras atividades. Na realidade o que se observa é que os empregos especializados são trazidos de outras localidades, restando empregos formais nas empresas terceirizadas, subordinados a condições precárias de trabalho, atuando em funções como segurança, serviços de limpeza e manutenção e, assim, o desenvolvimento não ocorre, pois, o município é incapaz de estabelecer as bases para que esse possa acontecer. Os conflitos mais expressivos entre a população e as empresas mineradoras estão relacionados com as condições precárias de exploração do trabalho, doenças causadas pela inalação de pó advinda da mineração e, a defesa dos territórios. Embora a atividade mineradora promova a circulação de capital e a movimentação da economia no local em que está instalada, os grandes empreendimentos de mineração possuem interesses divergentes de grande parte da população. Dessa forma, os conflitos ambientais vêm sendo pensados sob uma perspectiva que identifica as lutas sociais estabelecidas em torno de recursos naturais constituídos na base territorial e, os objetivos e o controle social desse território variam de acordo com o modo de vida da sociedade, sejam eles indivíduos, grupos sociais/culturais, o Estado, empresas, instituições como a Igreja etc.
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