Banca de DEFESA: ANA JOVINA BARRETO BISPO
07/02/2020 10:00
A leishmaniose visceral (LV) é uma parasitose grave, mundialmente distribuída e potencialmente letal. Por ser uma doença sistêmica, qualquer órgão pode estar acometido e sintomas diversos podem estar presentes. A patogêneses dos sintomas clássicos já foi amplamente descrita, no entanto, ainda existem lacunas relacionadas a outros sintomas frequentes, como os respiratórios. Em décadas passadas, a sintomatologia respiratória já foi creditada à esplenomegalia, às infecções respiratórias e à doença pulmonar intersticial. A presente pesquisa, de natureza observacional e delineamento transversal, descreveu a sintomatologia respiratória, buscou alterações radiográficas e tomográficas de tórax e também determinou a frequência de alterações espirométricas em portadores de LV, trazendo assim conhecimentos mais recentes e objetivos à cerca do comprometimento pulmonar na LV. Participaram do estudo 42 pacientes internados no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, no período de janeiro de 2015 a julho de 2018. Houve predomínio de pacientes do sexo masculino e oriundos da zona urbana, metade dos pacientes possuía idade até 10 anos. Sintomas respiratórios estiveram presentes em 49,7% dos pacientes, predominando a tosse seca. A radiografia simples de tórax revelou pneumonia em apenas dois pacientes, enquanto que a tomografia computadorizada de alta resolução de tórax (TCAR) mostrou achados patológicos em mais da metade dos pacientes (59%), predominando opacidades reticulares (19%) e opacidades em vidro fosco (16,6%). Foi encontrada associação entre tosse e alteração tomográfica e observou-se que o tempo decorrido entre o início dos sintomas e o internamento foi maior em pacientes com tomografia alterada. A espirometria mostrou 40% de frequência de alterações funcionais. O distúrbio ventilatório predominante foi o restritivo (21,7%), seguido do distúrbio inespecífico (13%) e do distúrbio obstrutivo (13%). O comprometimento pulmonar na LV fica evidenciado pela frequência de tosse, de alterações tomográficas do tórax e espirométricas. A doença pulmonar intersticial demostrada pelos principais achados tomográficos provavelmente é responsável pelo distúrbio ventilatório mais encontrado, o restritivo, e pela sintomatologia respiratória, já que infecção pulmonar foi pouco frequente.
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