Banca de DEFESA: BRUNO ANDRADE RIBEIRO
06/02/2020 10:33
Sob o crivo da realidade, a informalidade no/do mundo do trabalho se dissemina e generaliza como um processo contraditório de exclusão/inclusão de sujeitos que buscam ocupações variadas e caraterizadas pela instabilidade. Todavia, em sua complexidade, entender o trabalho informal na atual fase de acumulação exige a crítica às perspectivas dualistas que reduzem a compreensão ao plano jurídico (Carteira de Trabalho ou CNPJ) ou a expressões da questão urbana, como o comércio ambulante e a camelotagem. O capital enquanto relação social dominante prescinde do trabalho abstrato e cindido ao ser para perpetuar-se, e se a precarização e precariedade são processo e condição da história do sistema capitalista, a informalidade se insere na atualidade como expressão da crise da sociedade do trabalho. Diante dos pressupostos, a presente dissertação analisa a condição camponesa sob o espectro da informalidade, com fundamentação que contribui para um entendimento sobre como o campo brasileiro é marcado pela pobreza e desigualdade, em que a estrutura fundiária concentrada nega as condições de reprodução social aos que formam o campesinato nacional. Na simbiose moderno-arcaico, a consolidação do padrão de acumulação urbano-industrial como um pacto entre burguesia e proprietários fundiários foram responsáveis pela negação dos direitos trabalhistas para a população rural brasileira e a acentuação de desigualdades históricas. As entrevistas realizadas em povoados do Agreste Central Sergipano, cuja permanência da condição camponesa é proeminente, revelam/ocultam a informalidade como espectro fantasmagórico que subordina a terra e a produção camponesa. Na afirmação ou negação, as entrevistas desvelam como o fardo do trabalho se associa a um processo de subordinação que força camponeses a uma lógica perversa de luta contra o tempo para perpetuarem o consumo de mercadorias. A terra permanece como substrato essencial para a unidade familiar em um sentido de morada; porém, com cada vez menos espaço para reprodução social, depende-se de outras fontes de renda baseadas não no plantio/cultivo diretos, mas na revenda de uma produção adquirida em mercados hortifrutigranjeiros (CEASA) ou através dos chamados ‘atravessadores’. Como Sísifos que sobem e descem montanhas todos os dias, a repetição de um cotidiano marcado pelo cansaço aproxima mito e realidade. Contudo, se no primeiro é a condenação eterna que move o sujeito, na segunda, se ultrapassa o misticismo na crítica ao capital e ao individualismo como regra no mundo do trabalho.
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