Banca de QUALIFICAÇÃO: CÍNTIA FERREIRA AMORIM
13/11/2019 11:19
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica com característica multifatorial, associada com disfunções estruturais e funcionais dos sistemas cardiovascular, nervoso e renal. Apresenta alta prevalência mundial, sendo de fundamental importância compreender e buscar estratégias para reduzir suas complicações. Níveis elevados de butirilcolinesterase (BChE) apresentam associação com a HAS e fatores de risco para doença cardiovascular. Objetivo: Analisar associação entre hipertensão arterial sistêmica e dosagem sérica de butirilcolinesterase em trabalhadores rurais. Método: Trata-se de um estudo observacional, transversal, realizado com trabalhadores da área rural do centro Sul do estado de Sergipe, com 280 voluntários de 18 a 60 anos, ambos os sexos, exceto gestantes, lactantes e indivíduos com doenças hepáticas conhecida. Foi aplicado um formulário com informações sobre características demográficas, perfil socioeconômico e histórico de saúde, foram realizadas aferições de medidas antropométricas, níveis pressóricos com monitor multiparametrico, dosagem sérica de butirilcolinesterase e perfil lipídico, realização de eletrocardiograma e avaliação com cardiologista para definição do diagnóstico de HAS. Resultados: Foram diagnosticados 35,7% (100) trabalhadores em hipertensos e 64,7% (180) normotensos, dos trabalhadores hipertensos 61% (61) já utilizavam medicação anti-hipertensiva, porém, apenas 6,5% (4) destes apresentaram níveis pressóricos controlados com uso de medicação. A amostra foi composta predominantemente por homens 72,9% (204), com baixo grau de instrução e renda familiar mensal menor que um salário mínimo. Observou-se que os trabalhadores hipertensos apresentaram mais idade (p<0,001), níveis elevados de triglicerídeos (p<0,001) e IMC (p0,05) em relação aos normotensos. O valor médio da dosagem de BChE encontrado, foi de 8389,7 (±1818,4), e apresentou diferença significativa entre os voluntários do quartil 25 e 100 (p<0,001). No grupo com maior dosagem de BChE, foi verificada maior frequência do diagnóstico de hipertensão, atingindo 1,7 vezes mais hipertensos neste grupo quando comparado ao grupo com menores dosagens de BChE (p<0,001). Na análise isolada das variáveis consideradas fatores de risco para hipertensão, apenas a variável triglicerídeo foi significativamente maior nos trabalhadores do quartil 100 (p<0,001). Conclusão: A amostra apresentou um número expressivo de hipertensos na população rural sem acompanhamento adequado, e a dosagem sérica de BChE apresentou associação com o grupo de hipertensos, sugerindo a utilização da enzima como um marcador biológico no monitoramento da HAS em trabalhadores rurais.
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