Banca de QUALIFICAÇÃO: ANA CRISTINA TEODÓZIO
17/09/2019 20:01
Mais de quarenta anos após o desaparecimento de seu pai, preso, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar brasileira, o escritor Marcelo Rubens Paiva retornou com sua escrita memorialística ao lançar o romance “Ainda estou aqui”. A obra conta a sua história familiar, centrada na mãe, Eunice Paiva, e deixa como legado o trauma da morte do pai aos leitores de suas memórias. Desse modo, de caráter autobiográfico e publicada em 2015, se constituiu em obra denúncia contra a opressão ditatorial e, se tornou uma arma na luta contra o esquecimento da morte e desaparecimento político do ex-deputado federal, Rubens Beyrodt Paiva. Analisar esta obra consistiu em recuperar a memória de um dos períodos mais tensos da história do Brasil, bem como, deixar viva a memória de desrespeito aos direitos humanos. A base interpretativa com a qual se trabalhou nesta pesquisa foi a de que a escrita da memória empregada por esse autor assumiu uma função social e moral. Social, à medida que fornece subsídios para esclarecimento e compreensão dos fatos de determinado período histórico a partir de, um ponto crucial - o desaparecimento de seu pai - contrapondo a versão oficial. E moral, ao realizar aquilo que se entende como uma prestação de contas com a própria consciência, com as ações adotadas por si e por sua família diante da postura antiditatorial assumida. A pesquisa objetivou, assim, compreender a história de luta e resistência dessa família que sofreu a violência política impetrada pelo regime ditatorial, e discutir o uso da autobiografia como lugar de memória, resistência e denúncia. Buscou, ainda, analisar as políticas públicas de memória e de reparação aos crimes da ditadura brasileira, utilizando-se com fonte para o desenvolvimento de suas ideias, os escritos autobiográficos Ainda estou aqui (2015) e Feliz ano velho (1982), do escritor Marcelo Rubens Paiva, a biografia de Rubens Paiva (2013) escrita por Jason Tércio, entrevistas escritas e faladas, matérias de jornais, cópia de processos judiciais e um relatório da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio).
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