Banca de DEFESA: GENILSON CONCEIÇÃO FERREIRA
16/05/2019 10:07
O trabalho de captura do Aratu (Goniopsis cruentata) é uma atividade que ultrapassa meramente a relação econômica. Constitui um ritual realizado geralmente por mulheres utilizando o canto como instrumento de caça para alterar a percepção e o comportamento do animal possibilitando uma importante interação entre espécies diferentes (humano/animal) sob o domínio da cultura. Essa ação também é marcada por relações interpessoais entre os humanos e entidades com poder de agenciamento como a Caipora: trata-se de um ente que habita o mangue e exerce influência sobre o ambiente além de ariar (enganar) as mulheres fazendo-as perderem a noção do espaço e do tempo de modo a não reconhecerem o caminho de volta: encantar-se! As relações estabelecidas entre as mulheres catadoras de aratu e entidades com poder de agenciamento para obter o sucesso na atividade pode ser entendida como uma crença na possibilidade do trânsito de entes com potencial de ação sobre a conduta humana no espaço e tempo em que esse trabalho acontece. Desse modo, o imbricamento e a fluidez em meio a tríade: Natureza/Cultura/Sobrenatureza observadas na pesquisa, constituem um corpus analítico ou ainda, um conjunto significativo para repensar as fronteiras e dualidades entre natureza e cultura proposta pelo pensamento moderno ocidental e também, tecer uma rede de contiguidades entre os humanos e não-humanos através da relação humano/aratu.
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