Banca de QUALIFICAÇÃO: TEREZA SIMONE SANTOS DE CARVALHO
01/03/2019 07:22
A presente pesquisa tem como objetivo descortinar a relação entre a questão agrária no estado de Sergipe e o fechamento de escolas do campo, analisando as contradições, os rebatimentos na formação e reprodução do campesinato sergipano e as resistências a esse processo. A educação destinada aos povos do espaço rural, denominada de educação rural, historicamente negou o campo como espaço de reprodução social e espaço de produção de conhecimento, estando atrelada, desde os seus primórdios, aos interesses político-econômicos de cada época. A superação da educação rural, emergiu da resistência dos movimentos sociais camponeses, que nos anos 1990, propuseram a educação do campo, para pôr fim a essa educação distanciada do universo cultural dos sujeitos que ali vivem. A educação do campo vem mostrar que esse espaço social produz vida e é capaz de ter um projeto de formação humana vinculado à cultura, enquanto produto do trabalho. Por sua vez, o início dessa década é marcado por um projeto de Estado de fechamento das escolas do campo motivado por sua atuação recriadora da questão agrária no Brasil, que corrobora com a conformação da noção de campo como lugar do atraso. Com uma natureza vinculada à sustentação da relação capital-trabalho, que na particularidade do campo se materializa nas ações voltadas à expansão do agronegócio e correspondente fortalecimento da concentração da terra, o Estado não só é responsável pelo fechamento de escolas que atendem aos filhos dos camponeses, como reforça o status quo da cidade como espaço do moderno, do progresso, da qualidade de vida. De acordo com os dados extraídos dos Censos escolares/Inep, em 1998 existiam, no Brasil, 124.418 escolas públicas (estaduais e municipais) localizadas no campo; em 2017 a quantidade de escolas caiu para 60.064; quase 50% das escolas (48,27%) foram fechadas. O estado de Sergipe, em 1998, contava com um total de 1621 escolas públicas estaduais e municipais. Em 2017 esse número reduziu para 970; 651 escolas foram fechadas; um percentual de 40,1%. O fenômeno do fechamento das escolas do/no campo no Brasil se acentuou na última década dos anos 2000, se configurando como uma política de estado. Esse quadro de fechamento das escolas coincide com o acirramento das lutas pelo direito à educação do e no campo por parte dos movimentos sociais. A educação do campo representa uma forte arma de resistência ao processo de desterritorialização, de expropriação, oriundo do avanço do capitalismo no espaço agrário. Nossa intenção com essa pesquisa é realizar o desvelamento da relação entre a questão agrária em Sergipe e o fechamento dessas escolas, com vistas a potencializar as lutas por uma escola do e no campo que contribua no processo de reprodução social dos sujeitos do campo.
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19130-f2d2efc73e