Banca de QUALIFICAÇÃO: LEANDRO SACRAMENTO SANTOS
28/02/2019 22:23
A apropriação capitalista do espaço litorâneo brasileiro vem ocorrendo de múltiplas formas ao longo da história desse modo de produção no país. A partir de meados do século XX todos os processos de acumulação de capital foram implementados sob a retórica do desenvolvimento, como se fossem produzir impactos positivos para tudo e para todos. Entretanto, o resultado dos grandes investimentos capitalistas neste espaço tem sido a degradação de extensas áreas naturais, impondo transformações no modo de vida de povos e comunidades tradicionais em todo o litoral. Atualmente a carcinicultura é uma dessas formas de apropriação capitalista em franca expansão no litoral de Sergipe, engendrando profundas transformações na relação sociedade-natureza historicamente construída por estas populações, mediadas pelo trabalho da pesca artesanal, da mariscagem, da agricultura camponesa e do extrativismo. O avanço da carcinicultura no estado é responsável pela perda da qualidade da água, diminuição dos recursos pesqueiros e pela onda crescente de privatização de grandes áreas do estuário (para a construção dos tanques) o que tem provocado o fechamento dos portos locais que permitem o acesso das comunidades de pescadores artesanais aos rios, manguezais, praias e marés. De acordo com dados do IBGE o estado de Sergipe saltou da 6ª posição em 2013 para a 3ª posição em produção de camarão em cativeiro no ano de 2017, com destaque para o município de Brejo Grande, onde desde 2016 ações realizadas em parceria entre governo do estado de Sergipe e Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) tem incentivado a produção de camarão em grande, média e pequena escala. O trabalho em questão tem por objetivo analisar a espacialização da carcinicultura no espaço litorâneo sergipano e seus impactos no processo de reprodução social dos pescadores e pescadoras artesanais, evidenciando as transformações que esta atividade econômica vem produzindo na relação sociedade-natureza de povos e comunidades tradicionais, bem como fazer a crítica do papel do Estado e da retórica do desenvolvimento neste processo. Para isso adotaremos o materialismo histórico dialético como método, buscando trazer à tona as contradições engendradas por essa forma especifica de acumulação capitalista (carcinicultura), compreendendo-a na totalidade do processo de reprodução do capital. A abordagem da pesquisa será quantitativa (estatística descritiva) possibilitando o levantamento de informações necessárias a caracterização da carcinicultura no litoral sergipano e qualitativa (observações in loco, entrevistas semi-estruturadas e grupo focal) que ajudarão a compreender como as pescadoras e pescadores artesanais analisam o avanço da carcinicultura sobre seus territórios de vida e os rebatimentos na relação sociedade natureza.
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