Banca de QUALIFICAÇÃO: FLAVIO WALLACE DE BRITO PINTO
26/01/2019 11:03
A doença renal crônica é caracterizada pelo dano progressivo à função renal diagnosticada através da redução da filtração glomerular, albumina e creatinina, que em decorrência dos agravos à saúde, levam a necessidade de terapia renal substitutiva, sendo a hemodiálise o método mais utilizado. A progressão da doença pode estar associada a diminuição da capacidade funcional e disfunção do controle autonômico cardiovascular. Diante disto, este estudo objetivou investigar os instrumentos de avaliação funcional e função autonômica cardiovascular de pacientes renais crônicos submetidos a hemodiálise. O estudo foi dividido em duas partes: uma revisão sistemática de estudos clínicos sobre avaliação funcional com protocolo elaborado e registrado no PROSPERO com o número CRD42018099908, seguindo recomendações PRISMA e Cochrane, com busca realizada nas bases de dados PubMed, LILACS e PeDro e literatura cinzenta, atualizada em novembro de 2018. A busca resultou em 2085 registros, dos quais 25 preencheram os critérios de inclusão. Os estudos foram publicados entre 2000 e 2018, sendo a intervenção combinada (exercícios aeróbicos e resistidos) utilizada na maioria dos estudos, e os instrumentos de avaliação mais utilizados o Sit-to-Stand, o 6-min walk, o KDQOL-SF e o Timed Up and Go. A segunda parte trata-se de estudo transversal observacional realizado em uma clínica de hemodiálise, aprovado pelo CEP-UFS com o n. do parecer 2.594.848. A amostra foi composta por 58 voluntários distribuídos em dois grupos hemodialíticos (HD) (n=29) e saudáveis (CO) (n=29), pareados por idade, gênero e índice de massa corporal. Foram utilizados cardiofrequêncimetro para aferição da Frequência Cardíaca (FC), Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) e desafios autonômicos [Cold Pressor (CP) e Deep Breath (DB)] e método auscultatório para aferição da pressão arterial (PA). Os resultados foram expressos por média ± desvio padrão utilizando os testes de Student, Exato de Fisher ou qui-quadrado para as comparações entre os grupos. Todos os testes consideraram significativo p< 0,05. O grupo HD apresentou elevação da PAM em relação ao CO durante o período basal (de 100,4 ± 3,0 vs 90,34 ± 1,85 mmHg), influenciada pela diferença dos valores da PAS entre os grupos (139,0 ± 4,7 vs 119,1 ± 2,1 mmHg), contudo a VFC não apresentou diferença significativa. Durante o CP test a diferença dos valores de PAS foi mantida entre os grupos (de 152,8 ± 5,9 vs 137,1 ± 2,5 mmHg), embora o índice de hiper-reatividade foi demonstrado de maneira inversa (p< 0,01), pela limitação do range fisiológico do grupo HD. Durante a aplicação do DB test pode-se observar diferença no ∆ FC (HD: 7,31 ± 0,84 vs CO: 19,62 ± 1,27 bpm), demonstrando a redução da resposta parassimpática. Diante do exposto é possível concluir que não há consenso quanto aos instrumentos para avaliação da capacidade funcional dos pacientes renais que em sua maioria são classificadas pela aptidão cardiorrespiratória e força muscular, sendo também possível afirmar que a diminuição da hiper-reatividade da PA e a menor variação da FC durante os testes podem ser decorrentes de inabilidade dos ajustes simpático e parassimpático cardíaco.
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