Banca de QUALIFICAÇÃO: DANIELLA SILVA DOS SANTOS DE JESUS
13/12/2018 16:41
Seguindo as trilhas e os caminhos abertos pelos estudos da História Social do Trabalho e das relações sociais de gênero, sob a perspectiva do que se convencionou chamar de “História Vista de Baixo”, esta pesquisa se propõe a investigar as experiências do trabalho de mulheres, nos garimpos de diamantes, no distrito de Igatu, antiga vila de Chique-Chique, Andaraí-BA, nas décadas compreendidas entre 1930 e 1970. Por meio de uma abordagem qualitativa, que pautou sua análise através da base metodológica da História Oral, aliada à pesquisa documental e bibliográfica, buscar-se-á recompor as formas de inserção, as condições de trabalho, bem como as estratégias construídas pelas mulheres para adentrarem e se manterem no garimpo, ponderando os rebatimentos que a divisão sexual do trabalho as impunha. A hipótese aventada é a de que o trabalho desenvolvido pelas mulheres, seja em atividades socialmente caracterizadas como femininas, ou em atividades ligadas ao comércio e ao garimpo, lidas como trabalhos “de e para homens”, foi um fator de equilíbrio na “corda bamba da sobrevivência”, especialmente em tempos de crise econômica, que caracterizou o recorte temporal. Acredita-se que, com o recrudescimento da atividade extrativa, da qual grande parte da população se dedicava, houve uma maior maleabilidade e inserção do trabalho feminino na extração de diamantes. Se, em situações de normalidade, a renda auferida pelas mulheres era considerada complementar à dos homens, na crise tornou-se essencial à sobrevivência das famílias garimpeiras. Levando em consideração o contexto político e econômico conturbado, as complexidades e especificidades que envolvem as áreas de mineração, bem como, as condições e relações de trabalho praticadas, acredita-se que o “salário de miúdos” das mulheres foi a principal fonte de renda disponível às famílias pobres, o que as instituiu como principais provedoras de seus lares. Valendo-se das categorias de análise experiência, gênero e divisão sexual do trabalho depreende-se que, embora as mulheres estivessem imersas em relações desiguais de gênero, marcadas pela hierarquização dos papeis sociais, na experiência de vida concreta, estas mulheres por força das circunstâncias históricas, improvisaram e redefiniram práticas e pensamentos. Nesta labuta cotidiana construíram novos papéis sociais, ao assumirem, por exemplo, a chefia e manutenção de seus lares, condição alcançada em decorrência das atividades que desenvolviam. Por meio de suas necessidades e experiências contrariaram o senso comum e ratificaram que o garimpo também é lugar de mulher.
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