Banca de DEFESA: VERÔNICA PONTES VIANA
26/10/2018 13:00
Com a presente tese se discute a história de longa duração da praia de Jericoacoara, Ceará, Brasil, circunscrita à Unidade de Conservação federal Parque Nacional de Jericoacoara, situada no interflúvio Guriú – Riacho Doce, a 287 quilômetros da capital do estado, Fortaleza. As datações disponíveis para a área se acomodam em um horizonte cronológico situado entre 2030 e 1140 anos AP (Antes do Presente). A longa permanência em períodos de contado e pós-contato, para os quais não dispomos de datações, foi tratada a partir da análise de fontes históricas (narrativas de viagens, documentos administrativos e cartográficos) relacionadas, especialmente, à primeira metade do século XVII, momento em que foi efetivada, tardiamente (se comparada às outras capitanias brasileiras), a colonização do território relacionado ao atual estado do Ceará. No decorrer deste trabalho caracterizamos um ambiente de ocupação litorânea não sambaquieira, a partir da investigação do sítio Jericoacoara I (CNSA 00129/CE), o qual identificamos como um “sítio em ambientes dunares”, em iminente processo de destruição decorrente da intensa erosão eólica a que a área está submetida, embora ainda sejam identificados pontos com estratigrafia preservada. A caracterização referida, subsidiada pelo estudo das condições ambientais e pretéritas, ocorreu com a demonstração do processo de formação e destruição do registro arqueológico, influenciado pela erosão eólica que solapa a matriz sedimentar que abriga os arranjos artefatuais. Analisamos as especificidades do acervo cerâmico, o mais abundante na área; do instrumental lítico lascado e polido, além do diversificado conjunto de espécies da malacofauna, formado por bivalves e gastrópodes, componentes da dieta dos grupos que habitaram essa planície litorânea. O material cerâmico conta com sete pastas diferenciadas, definidas a partir da frequência relativa dos antiplásticos existentes (quartzo, ilita, feldspato, matéria orgânica) e da argila. Em três dessas pastas, é significativa a presença de decoração plástica incisa, aplicada, majoritariamente, às bordas das vasilhas de formas abertas. Observamos similaridades entre o universo artefatual e algumas tradições/fases culturais já caracterizadas, tais como a fase Papeba e as tradições Tupiguarani e Mina; contudo, também verificamos diferenças expressivas que nos fizeram evitar filiações preliminares. Por esta razão, concentramos nossos esforços na caracterização da variabilidade artefatual de todo o conjunto registrado, atendo-nos aos aspectos formais, espaciais, relacionais e de frequência que identificam a cultura material desse interjacente costeiro.
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