Banca de QUALIFICAÇÃO: ITANIA MARA SANTOS
19/09/2018 14:07
A presente pesquisa é fruto de constantes inquietações sobre a concepção teológica a respeito do corpo presente na obra de Adélia Prado. Qualificamos tal concepção como “transgressora” em virtude da liberdade e ousadia com que o tema é tratado em suas poesias, principalmente aquelas que apresentam referências religiosas. Embora as regulações e os discursos repressores em relação ao corpo estejam presentes em diferentes tradições religiosas, o presente estudo concentra-se na tradição teológica cristã, especialmente em sua vertente católica. Nessa tradição, a abordagem de questões relacionadas ao corpo sempre foi problemática, em virtude do status de inferioridade conferido ao mesmo em relação à alma. Tal situação levou a teologia a marginalizar as questões relacionadas ao corpo, principalmente aquelas que dizem respeito à satisfação sexual. A partir daí a ética derivada dessa perspectiva teológica fez do corpo o principal espaço de opressão moral. A despeito disso, o vocabulário teológico de Adélia Prado, embora intimamente vinculado à tradição teológica cristã, subverte tal concepção a partir da poesia, elegendo o corpo como espaço de vivência da espiritualidade e de ressignificação do sagrado. Em muitas de suas poesias, o corpo é o elemento fundante tanto da experiência poética quanto da experiência religiosa, superando a tradicional dicotomia entre sagrado e profano. Uma vez que o corpo na arte de Prado é o corpo presente, com todas as marcas e alterações da idade, é nele que se vivencia o prazer e a sacralidade, dissociando a nudez e a sexualidade de valorações maléficas e nocivas. Desse modo, em Adélia Prado, é no corpo que se experimenta a libertação. Tal perspectiva é que configura e qualifica a poesia de Adélia como proposta de uma religiosidade transgressora.
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