Este trabalho visa apresentar uma análise histórica sobre a cena cultural de Aracaju desde a metade da década de 1960 até meados da seguinte, no que diz respeito ao envolvimento de uma parcela da juventude local com a estética do Rock’n’roll. Inspirados no sucesso mundial do quarteto britânico The Beatles e nacional dos artistas e conjuntos ligados ao movimento da jovem guarda, garotos e garotas começaram a tocar instrumentos elétricos e logo estavam formando seus conjuntos e embalando a capital sergipana ao ritmo do iê-iê-iê. Esta análise compreende a descrição do percurso entre a recepção das informações sobre o novo estilo musical, que estava tomando conta das paradas, até a subida aos palcos. Isso envolve um estudo sobre indústria cultural, para detectar quais seus principais elementos e se eles estavam presentes em Aracaju naquele período. Em um momento político conturbado, onde o Estado exercia controle rígido sobre qualquer atividade que pudesse expressar contestação aos modelos vigentes, a cidade presenciou grupos de jovens com cabelos grandes e roupas exóticas se apresentarem nos clubes sociais, cinemas, programas de rádio e, um pouco mais tarde, de televisão. Com o recorte temporal, de 1965 a 1974, todo ele no período da ditadura militar, uma das tarefas foi desvendar os embates e as estratégias de negociação veladas que foram usadas para que os grupos se tornassem atrações frequentes nos lugares frequentados pela elite econômica da cidade. A localização desses espaços de sociabilidade também foi objeto de atenção da pesquisa, para o entendimento sobre a possibilidade de o iê-iê-iê ter servido de trilha sonora para uma classe social específica. As fontes da pesquisa foram geradas pela metodologia da história oral, através de entrevistas com pessoas que par, além do uso de documentos relativos ao controle de diversões públicas, periódicos e fotografias. A matriz teórica da pesquisa teve base na nova história cultural, com suas possibilidades de ampliação das fontes e o foco na interpretação individual dos objetos e símbolos constituídos pela ação humana. A pesquisa sobre esse tema possibilita uma contribuição para a historiografia da música de Sergipe.