Banca de DEFESA: VANESSA MODESTO DOS SANTOS
07/03/2018 09:17
As feiras na região Nordeste do Brasil são importantes espaços econômicos e culturaistradicionais. Sua periodicidade associa-se à organização de cada localidade, geralmenteacontecendo em dias alternados nos espaços circunvizinhos. Os moradores dascomunidades mais distantes se deslocam para comercializar o fruto de sua produção,bem como adquirir produtos de que necessitam para a sua sobrevivência. Neste trabalhotomamos como recorte espacial o município de Lagarto/SE, localizado na microrregiãoCentro-sul do estado, com o objetivo de compreender a dinâmica social, cultural eeconômica das feiras realizadas na cidade de Lagarto/SE. Nesse município observamosque a feira acontece aos domingos, segunda-feira, quinta-feira e sábado e encontra-seenraizada na identidade da população que demanda produtos agrícolas, alimentostradicionais, carnes, vestimentas, calçados, animais vivos e produtos industrializados,além de bens de consumo diversos. A metodologia utilizada é de caráter qualitativo ebaseia-se em revisão da literatura e pesquisas in loco – com as quais realizamosentrevistas semiestruturadas com os feirantes e consumidores, utilizando o diário decampo como ferramenta de auxílio ao pesquisador para posteriormente realizar asanálises das informações obtidas para a organização da dissertação. A configuração doespaço de comercialização da feira está inserida no mercado do setor informal, e suasrelações estão fundamentadas, principalmente, no uso do dinheiro líquido, indispensávelpara a reprodução social e econômica dos grupos familiares ali inseridos. Para além deespaço comercial, as feiras conformam um lugar do encontro, da troca, um territóriomarcado pela mistura de cores, sons, cheiros, sabores, saberes, signos e significados, eda diversidade de ações, funções e atividades. É comum constatarmos na rede de atoresem questão as relações de poder, sobretudo a partir dos fiscais e guardas municipais queo exercem no sentido de delimitar os microterritórios dos feirantes, e, por vezes,envolvem-se em conflitos resolvidos no local. Porém, em contraposição a essacaracterística, evidenciamos a constituição e o fortalecimento das relações desociabilidade e de proximidade entre os grupos de feirantes, bem como entre osfeirantes e os consumidores, relações essas permeadas pela confiança, de modo que, noato de “fazer a feira”, vão se conformando vínculos de amizade. O dia da feira constituinão somente um encontro eminentemente econômico, mas, um dia diferenciado no qualsão partilhadas experiências, saberes e fazeres e fortalecidas as redes de sociabilidades.
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