Banca de QUALIFICAÇÃO: TAMIRES APARECIDA BATISTA DE OLIVEIRA
09/02/2018 11:35
Os estudos no campo não só da Geografia, mas das demais áreas correlatas, apontam na pauta
da reforma agrária internalizada na agenda dos movimentos sociais, isso servindo como marco
histórico no processo de transformações no meio agrário brasileiro. Com a constituição dos
assentamentos rurais, nota-se que este processo integra um arcabouço de transformações
socioeconômicas, que consolidaram na construção de novas unidades de produção rural,
reflexos da luta pela democratização do acesso a terra. As últimas décadas e os sucessos das
políticas que visavam a ampliação da reforma agrária reverberam em processos socioespaciais,
tendo em vista os novos desafios que seriam impostos para a criação, manutenção e
consolidação dos assentamentos rurais. Ao realizarmos um panorama histórico acerca das
primeiras pautas do movimento que se tornou como exemplo, o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), e o seu posicionamento na última década, é evidente a
necessidade de discutir a efetividade dos atuais mecanismos no processo de constituição e
consolidação dos assentamentos rurais face às contradições existentes. Podemos abordar que as
experiências de cada assentado formulam um leque de significados quanto a posse da terra,
assim como abordam em que o assentamento irá desempenhar nos segmentos da organização,
produção e reprodução do espaço rural sob a figura da institucionalidade. É notório que a
questão da constituição do assentamento possui diferentes faces de acordo com a vivência do
agricultor e as etapas que se sucedem no cotidiano do seu lote. Deste modo, acreditamos que a
partir do método dialético poderemos compreender como as dinâmicas socioespaciais são
aplicadas na realidade escolhida: o Assentamento Che Guevara no município de Lagarto (SE),
considerando a trajetória social e a dinâmica do espaço agrário dos produtores que integram esse
recorte espacial. No qual terá como procedimentos metodológicos trabalho de campo através da
aplicação de entrevistas e questionários com as famílias assentadas, e coletas de dados
secundárias (IBGE, INCRA, entre outros). Essa abordagem também se torna importante a partir
do momento em que são fomentadas políticas estatais mais aproximadas dos agricultores
assentados, uma vez que os modelos desenvolvidos pelos pequenos agricultores hoje
direcionados para sua inserção no mercado têm suas particularidades. Desse lado, elementos
como a monetarização da vida social destas unidades, que foram irremediavelmente inseridas na
estrutura capitalista, a análise torna-se ainda mais complexa, quando nos debruçamos nos
processos socioespaciais dos assentamentos, onde autoconsumo e comercialização integram
essa dinâmica. Ao diagnosticarmos esta adequação aos moldes contemporâneos de produção, o
estudo em tela almeja aprofundar-se nessas atuais relações, uma vez que perpassam, que os
atores sociais possuem papel importante nestas mudanças. Dessa forma, é importante conhecer
o processo de luta pela terra do assentamento Che Guevara, materializado com a constituição,
até sua consolidação enquanto organização, produção e de sua reprodução, na qual certamente
poderemos extrair suas particularidades em termos de sua sociabilidade.
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