Banca de QUALIFICAÇÃO: CLOTILDES FARIAS DE SOUZA
21/08/2017 07:35
As “ligas baiana, pernambucana e sergipense contra o analfabetismo” compreendem o objeto desta tese de doutoramento. Elas são organizações civis, fundadas no “Norte do Brasil”, entre os anos de 1915 e 1922, com o propósito de difundir tanto a leitura, escrita e o cálculo quanto uma determinada cultura cívica e patriótica. Analisar o papel desempenhado por essas associações na educação brasileira é o objetivo principal da presente pesquisa, com base nas seguintes questões: por que as ligas nortistas contra o analfabetismo expandiram-se, com formatos semelhantes às instituições livres norte-americanas? Quais são as diferenças existentes entre essas instituições do ponto de vista dos objetivos, regras de funcionamento, perfil dos dirigentes, captação e administração dos recursos e ações? Como entendê-las à luz dos seus possíveis contrastes? Que tipo de discussão educacional foi fomentada a partir das distintas inciativas de escolarização e civilização empreendidas em nome das ligas nortistas contra o analfabetismo e quais resultados foram alcançados? Para o estudo concorrem alguns problemas identificados em parte da historiografia educacional brasileira. Autores como Jorge Nagle, Paulo Ghiraldelli Júnior e Vanilda Paiva, por exemplo, atribuíram uma explicação geral para um fenômeno particular como o são as ligas contra o analfabetismo, considerando-as mero instrumento ideológico burguês/militar e/ou simples expressão do “entusiasmo pela educação”, sem que os dados empíricos dessas instituições fossem suficientemente analisados por eles. A descoberta de fontes diversificadas, a exemplo dos jornais “A Tarde”, “Diário da Manhã”, “Diário de Pernambuco”, “Jornal Pequeno”, “Pela Pátria”, “Nova Cruzada” etc., tornou possível determinar perfis específicos acerca dos objetos estudados, facultando a comparação dessas realidades ainda homogeneizadas por categorias explicativas quase imutáveis na História da Educação do Brasil. O comparativismo histórico é um método viável à desnaturalização do homônimo “ligas contra o analfabetismo”, porque ajuda a revelar uma pluralidade cultural contida nessa expressão e uma sincronicidade existente entre as ideias, ações e relações estabelecidas. Três ferramentas teórico-metodológicas conduzem a investigação sob o ponto de vista dos aspectos gerais dos fatos interpretados: “táticas” e “estratégias”, ambas de Michel de Certeau; figuração, de Norbert Elias. Com vistas à apreensão das propriedades específicas do objeto empírico são utilizados os conceitos de “associativismo voluntário”, de Alexis de Tocqueville; civilização, de Norbert Elias; “cultura escolar”, de Dominique Julia. A hipótese de tese apresentada é de que as ligas nortistas contra o analfabetismo são associações livres, embora reconhecidas pelo Estado, voltadas para a democratização da escola elementar. Elas constituíram o “associativismo voluntário educacional”, um movimento republicando marcado pelos ideais modernos de formação intelectual e moral.
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