Banca de DEFESA: DEISILUCE MIRON CAVALCANTE
14/08/2017 15:06
A medicalização há muito vem se constituindo como um fenômeno social, tendo como base os princípios da racionalidade biomédica. Diante desse contexto, a presente pesquisa buscou investigar a concepção de usuários, familiares e profissionais de saúde a respeito do uso do medicamento psicotrópico, no processo terapêutico, no cenário da Atenção Básica. O estudo teve como cenário uma unidade de saúde da família (USF), da cidade de Aracaju. O método utilizado perpassa pelos pressupostos da pesquisa qualitativa, tendo como instrumento de investigação e coleta de dados a narrativa. Contou com a colaboração de 18 interlocutores, entre eles 10 profissionais, 6 usuários e 2 familiares. A coleta de dados aconteceu a partir da inserção da pesquisadora no campo, através das produções de diários de campo e narrativa dos participantes. A análise de dados foi realizada através da leitura/releitura dessas produções, interpretação e destaque de dados relevantes à questão de pesquisa. Com isso, pôde-se conhecer um pouco da realidade observada, tendo como destaque a presença das práticas medicalizantes. Percebeu-se que a USF, atualmente, se constitui como um dispositivo que contribui para o fortalecimento do processo da medicalização. No tange às concepções sobre o medicamento psicotrópico: os usuários percebem esse uso de modo ambivalente, considerando ser bom e ruim utilizá-lo como estratégia de cuidado, bom no sentido de redimir os sintomas, e ruim pelo aparecimento dos efeitos indesejáveis; os familiares veem o medicamento como algo muito bom, pois os ajudam a lidar com os problemas apresentados por seus parentes; e por fim, os profissionais, que apesar de ressaltarem os efeitos indesejáveis provocados pelo uso, veem o medicamento como necessário na contenção e controle dos sintomas que os usuários apresentam. Desse modo, o estudo trouxe uma discussão sobre esses aspectos, concluindo sobre a importância do planejamento de ações que possam contribuir para o estabelecimento de estratégias de cuidado, para além das práticas medicalizantes, que tragam benefícios aos usuários, seus familiares e para a rede de atenção à saúde e da articulação da rede de cuidado.
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