Banca de DEFESA: THIAGO PAULINO DA SILVA
13/07/2017 15:10
O forró é uma produção cultural que tem vínculos com a tradição e hoje se insere em uma lógica de consumo. Essa dupla relação tradição-consumo cultural demonstra a realidade de um mundo em transição no qual atores sociais disputam espaços em busca da sobrevivência e do reconhecimento. O presente trabalho trata das disputas entre aqueles que produzem o forró tradicional, mais conhecido como forró pé-de-serra. Entendo a tradição como uma invenção humana (mas não por isso menos importante, pois também pode conter sentidos e modos de vida que agregam socialmente os indivíduos), ela busca dentro do seu dinamismo também a sua perpetuação por entre gerações. Essa pesquisa mostra uma parte da trajetória do forró sergipano, sua história e construções de sentidos. Sentidos que começam a se confrontar já na definição do que é forró, a partir do lugar do qual se fala e das terminologias utilizadas (pé-de-serra, eletrônico, universitário). Observar os atores do forró pé-de-serra é observar também como eles se relacionam e se posicionam com a alteridade. A pesquisa procurou, por meio de biografias, depoimentos e percepções dos espaços de sociabilidade do forró (arraiais, eventos públicos e privados) compreender como a música expressa uma identificação social, de pertencimento e ao mesmo tempo, conflitos e disputas inerentes a esses processos. Observamos aqui dois tipos de disputas: uma mais concreta e direta em que o forrozeiro busca fazer sua música circular no palco de grandes eventos financiados pelo poder público como o Forró Caju; e outra mais ampla que, por vezes atravessa até o passar dos anos, ligada às disputas de sentidos, às circunstâncias e aos diferentes posicionamentos entre os atores sociais. No que diz respeito ao âmbito da primeira disputa subir ao palco para fazer a sua música circular é algo fundamental na cadeia de produção e consumo do forró. No entanto, até o momento do contato do artista com o público há etapas onde perpassam relações de poder que se materializam em ações como a definição dos critérios de escolhas de artistas, os comportamentos adotados para conseguir uma vaga nas programações juninas. Entre outros autores, adotamos a perspectiva teórica de Elias para observar de poder como configurações relações de interdependência. O gestor público, seja ele prefeito, governador ou um diretor de eventos, necessita do forrozeiro para “fazer o show acontecer” e o artista, por sua vez, precisa do palco para expressar sua arte e visão de mundo, mas também para que a sua apresentação seja consumida.
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