Banca de QUALIFICAÇÃO: CAROLINE MURTA LEMOS
11/07/2017 20:58
As ditaduras civis-militares da América Latina, que ocorreram entre as décadas de 60 e 80, foram marcadas por milhares de casos de violações aos direitos humanos e pela violência institucionalizada e sistemática. No Brasil, com desaparecimentos forçados, torturas, assassinatos, detenções ilegais, exílios, cassações, aposentadorias compulsórias e etc., o estado ditatorial tentou instaurar terror e medo na população para silenciar e oprimir qualquer tipo descontentamento e oposição ao governo. Para isso, o regime civil-militar criou um aparato repressivo sofisticado formado por centros de detenção oficiais e clandestinos, por grupos paramilitares, serviços de inteligência e etc. Levando tudo isso em consideração, é estarrecedor pensar que no Brasil e em outros países latino-americanos, como Funari e Zarankin já alertaram, tantos anos de repressão, de violência política e de Terrorismo de Estado foram simplesmente apagados da memória com um hiato nos livros de história oficial. O resultado desse cenário é o esquecimento não só dos crimes políticos, mas das vidas perdidas, dos atos de resistência e a ausência da reparação histórica. Por isso, o desenvolvimento na América Latina e no Brasil da Arqueologia da Repressão e da Resistência, aliado a novas políticas de memória, se mostra imprescindível e inadiável. É nesse contexto que essa pesquisa se insere, com o objetivo de entender, por meio do viés da Arqueologia da Arquitetura e da Arqueologia Sensorial, o papel dos centros de detenção oficiais e clandestinos, enquanto mecanismos de repressão, na política de Terrorismo de Estado da ditadura civil-militar brasileira. Para isso serão analisados quatro estudos de caso: o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) e DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) de São Paulo, a Casa Azul de Marabá (PA) e a Casa da Morte de Petrópolis (RJ).
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