Banca de QUALIFICAÇÃO: ANA MARIA FANTINI SILVA
06/07/2017 14:46
O câncer de colo uterino é um dos líderes de causa de morte por neoplasia no mundo. No Brasil, é a 3ª causa de incidência em neoplasia em mulheres. Para Sergipe, a condição é ainda mais agravante, sendo responsável pela 2ª causa de morte por neoplasia em mulheres. Desde 1999 o programa de prevenção do câncer de colo uterino, através da realização periódica do exame de Papanicolaou, é uma das prioridades das políticas de saúde na atenção primária no Brasil. Porém, desde a sua implantação, o programa vem encontrando dificuldades logísticas e técnicas para a incorporação regular, principalmente nas áreas de acesso mais difíceis. Essas dificuldades podem ser claramente observadas nas regiões Norte e Nordeste, que mesmo após mais de 15 anos do início nacional do programa de rastreamento, mantém taxas de incidência e de mortalidade por câncer de colo uterino acima da média nacional. Estudos que avaliem a evolução dos resultados do programa de prevenção do colo uterino através dos marcadores epidemiológicos são escassos no Brasil e em Sergipe. Há uma tendência mundial de se utilizar indicadores das atividades hospitalares por doenças evitáveis como forma de avaliar a efetividade das atividades da atenção primária à saúde. O presente estudo avaliou as internações hospitalares por câncer de colo uterino em Sergipe, no período de 2008 a 2015, a partir de dados do DATASUS, analisando modificações temporais após a introdução do Papanicolaou como uma das prioridades na atenção primária. Foram analisadas 873 internações. A idade mediana foi de 46 anos e as pacientes permaneceram internadas em média por seis dias. O gasto mediano por internação foi de R$ 1766.00, sendo o custo das internações cirúrgicas cerca de três vezes maior em relação às internações clínicas. Após o ajuste populacional, observou-se um predomínio proporcional de pacientes provenientes de cidades do interior de Sergipe. Na análise temporal, houve uma redução na freqüência de internações hospitalares de aproximadamente 10% ao ano, tanto da população residente na capital, quanto do interior, provavelmente reflexo da melhor assistência e dos programas de rastreamento. Ocorreu uma redução estatisticamente significativa no número de internações hospitalares clínicas e uma tendência a redução das internações cirúrgicas, corroborando com a idéia de melhorias. Porém há ainda uma discrepância importante entre o número de óbitos por câncer de colo uterino ocorridos no período do estudo, de acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), e os registrados no presente estudo. Enquanto contabilizaram-se 468 óbitos de 2008 a 2014 no SIM, nas internações hospitalares codificadas com CID para neoplasia de colo de útero de 2008 a 2015 foram 108 óbitos. Esta diferença é retrato da capacidade diagnóstica e terapêutica precárias em localidades mais remotas, óbito sem assistência, ou doença avançada ao diagnóstico e erro na codificação, impedindo a localização precisa da origem da doença na internação hospitalar.
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