Banca de DEFESA: ANDREIA FREIRE DE MENEZES
21/06/2017 11:31
Vitiligo é uma doença da pele que afeta entre 0,4 e 2,9% da população mundial, caracteriza-se por ser uma desordem de pigmentação adquirida, evidenciada por máculas acrômicas de diferentes formas e tamanhos, resultantes de alterações funcionais dos melanócitos. O mecanismo patogênico ainda é desconhecido e, embora não tenha sintomas sistêmicos, compromete em muitos aspectos a qualidade de vida do indivíduo, sendo por vezes psicologicamente devastador. Esse trabalho teve como objetivos (1) descrever a partir de revisões sistemáticas aspectos fundamentais da patologia envolvendo interleucinas, modalidades terapêuticas e patentes de novos produtos; (2) avaliar através de um estudo de metanálise a relação entre a doença e a percepção de qualidade de vida pelo indivíduo de acordo com suas características sociodemográficas e fatores psicológicos; e (3) avaliar através de um estudo transversal a qualidade de vida de portadores de vitiligo e associar à área afetada e ao índice de despigmentação da pele. Os dados mais recentes publicados na literatura, observados na revisão sistemática, demonstraram que as interleucinas estão diretamente relacionadas ao aspecto autoimune do vitiligo associando o aumento de interleucinas pró-inflamatórias à resposta inflamatória com recrutamento de células T citotóxicas e destruição dos melanócitos. Os estudos mostram o papel da IL-17 no aparecimento e progressão da doença e sua ação sinérgica com a IL-2, IL-6 e IL-33. A revisão envolvendo tratamentos farmacológicos revelou que as terapias medicamentosas atuais apresentam variação entre os indivíduos e são muitas vezes insatisfatórias, sendo os imunomoduladores bem tolerados. Na revisão que envolveu patentes dos últimos 5 cinco anos foi identificado que as drogas sintéticas que vêm sendo desenvolvidas têm aumentado ou permitido a produção de melanócitos ou ainda reduzido estresse oxidativo e imunossupressão, dentre eles destaca-se o afamelanotido, um agonista seletivo do receptor de melanocortina 1 (MC1R), atualmente em ensaio clínico. A metanálise realizada identificou que o vitiligo afeta mais a qualidade de vida das mulheres que os homens, e que possivelmente aspectos genéticos, ambientais e culturais estão relacionados a qualidade de vida, com destaque para o continente asiático, especialmente os estudos realizados na Índia. Pacientes com vitiligo têm taxas mais elevadas de ansiedade e sintomas depressivos, comportamentos de evitação para atividades sociais e baixa autoestima. Vitiligo em áreas mais visíveis e pele mais escura propicia uma qualidade de vida inferior. O estudo clínico transversal envolveu as caracterização sociodemográfica, clínica, e a aplicação do Vitiligo-specific quality-of-life instrument (VitiQoL), questionário desenvolvido e validado por pesquisadores da Universidade de Nova York e Chicago, que foi recentemente traduzido e validado no Brasil (2015). O estudo foi realizado com 50 pacientes atendidos no Serviço de Dermatologia/HU-UFS durante todo o ano de 2016 e identificou uma média de idade 32,8±16,6 anos, 62% foram do sexo feminino e a primeira lesão surgiu antes dos 20 anos de idade em 50% dos pacientes, 52,5% apresentaram a forma não-segmentar e 65,3% relataram perceber alteração das lesões com o estresse; a média do resultado do VitiQol foi 36,2±25,7, em uma escala de gravidade que varia de 0 a 90 pontos, e a média da avaliação pessoal da gravidade do vitiligo foi de 3.6±2.0, na escala que varia de 0 a 6 pontos. A correlação entre o percentual total da área despigmentada e a qualidade de vida foi considerada moderada (rS= 0.6898) e a média do índice relativo de melanina (RMI) foi de 47,6±25,4.
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