Banca de DEFESA: EDIVALDO ALVES DE OLIVEIRA
12/04/2017 15:13
Este trabalho se propôs a analisar, no contexto da Geografia Cultural, os territórios dos
maracatus que se manifestam no povoado Brejão, pertencente ao município de Brejo Grande e
situado próximo à foz do Rio São Francisco, em Sergipe. Como manifestações culturais e
simbólicas buscou-se analisar quais elementos contribuem para a construção e formação dos
folguedos no povoado. Para compreensão e análise das manifestações populares em estudo
foram adotadas as categorias espaço e território para a apreensão das territorialidades e,
metodologicamente, a abordagem qualitativa, desenvolvida por um conjunto de
procedimentos: pesquisa documental em textos acadêmicos, relatórios, sites e censos;
entrevistas com os brincantes dos maracatus e com a população; oficina com estudantes de 10
a 29 anos da Escola Estadual do povoado e, pesquisa participante junto ao Maracatu Nação
Porto Rico (MNPR) na cidade do Recife antes e durante o carnaval de 2016. Para entender as
origens dos maracatus, recorreu-se a textos históricos sobre a diáspora africana e o cotidiano
laboral, religioso e festivo dos africanos de forma a compreender o sincretismo entre o
candomblé e a religião católica mas, sobretudo, na atualidade, os vínculos entre as
festividades católicas e a manifestação dos grupos de maracatu. A realização da oficina
possibilitou a identificação das expressões culturais existentes no povoado, dentre elas, as que
dão sustentação identitária, ressaltando o Maracatu como uma das referências do lugar. Das
entrevistas com os brincantes, pode-se apreender que os Maracatus do Brejão se manifestam,
nos momentos de ‘folga’ do trabalho; têm a mesma origem familiar e brincam com formação
de parentes e agregados. A história do maracatu como manifestação popular de negros se
confunde com a história do povoado que, embora formado no século XIX, se insere numa
região que desde o século XVIII registra a formação de quilombos. Pela oralidade, até o ano
de 2006 existia no povoado apenas o Maracatu Patrocínio do Brejão (MPB), originário da
formação do Mestre Plácido e conduzido por sua sobrinha Mestre Lila desde 1940. Com a
inserção do povoado Brejão no Território Quilombola Brejão dos Negros criado pelo governo
Federal ocorreu um cisma no folguedo e o Mestre Adalto, brincante do MPB, cria o Maracatu
Raízes do Quilombo (MRQ), distinguindo, na origem, por ser uma formação que apoia o
movimento de incorporação do povoado como quilombo. Ambos se manifestam como o
MNPR por já estarem dissociados dos cortejos populares do ciclo natalino, por manterem
elementos da corte e os tambores no sentido da brincadeira, porém, são distintos por não
associarem a formação aos rituais do candomblé. Foram observados elementos singulares no
sentido de brincar, na formação dos territórios e nas práticas dos maracatus estudados, ambos,
referência cultural do povoado, seja ele Brejão ou Brejão dos Negros.
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