Banca de DEFESA: LUANA SANTOS OLIVEIRA
06/03/2017 10:49
A paisagem apresenta-se como o resultado material da junção entre o meio natural e o meio antrópico. Dentre as paisagens que apresentam maior complexidade diante de tal relação, destaca-se a costeira, a qual possui uma composição biofísica que revela elevada fragilidade ambiental. Não obstante tal característica, a crescente ocupação da faixa litorânea tem resultado em uma grande valorização e consequente exploração imobiliária da orla marítima. Partindo para a análise dos conflitos resultantes deste processo, observa-se que a junção de componentes biofísicos frágeis associado a uma elevada pressão antrópica pode alargar consideravelmente os riscos associados à ocupação. Dentro desse contexto, destaca-se a paisagem costeira do município de Aracaju/SE, a qual vem passando por grandes transformações nas últimas décadas, guiadas pela ação conjunta do poder estatal, da especulação imobiliária e outras demandas socioeconômicas. Diante de tal problemática o presente trabalho tem por escopo realizar uma análise geoecológica da paisagem costeira do munícipio de Aracaju/SE, tendo em vista a avaliação dos riscos associados aos atuais e futuros cenários de ocupação. O início da ocupação da frente litorânea do referido município deu-se no pós-década de 1960, inicialmente nos bairros da Atalaia e Coroa do Meio, avançando, posteriormente, para o restante da frente litorânea do município, em que se destaca a Zona de Expansão de Aracaju. Tal ocupação está assentada em uma paisagem composta por feições geomorfológicas, das quais destacam-se o terraço marinho, os cordões litorâneos, dunas e manguezais. É sobre essa base biofísica, cuja análise geoecológica revela fragilidade e elevada variabilidade natural, que está ocorrendo o contínuo aumento populacional. Tendo por pressuposto a análise geoecológica, entende-se que a partir do momento que o homem espacializa-se na paisagem há um processo de modificação das estruturas preexistentes, muitas vezes danosas ao ambiente, pois este tem suas funções modificadas a ponto de não conseguir recuperar-se naturalmente. A partir do momento que o ambiente perde tal capacidade, também é suprimida a sua propensão a responder a eventos de ordem natural e, por conseguinte recobrar-se destes. De tal modo, paisagens intensamente antropizadas são muito mais suscetíveis a eventos de cunho natural. Por conseguinte, para o caso de Aracaju, o complexo de inter-relações entre meio biofísico e as consequentes derivações antropogênicas da paisagem costeira, tem alargado consideravelmente os riscos. Estes estão associados à ocupação desmedida e não planejada de grande parte das unidades naturais, fato que é diagnosticado na área de estudo. Para além deste diagnóstico, acredita-se os cenários futuros tendem a apontar para a ampliação das modificações, fruto do processo de derivação antropogênica das paisagens matriciais, e consequentemente, potencializar os riscos associados à ocupação.
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