Banca de DEFESA: FRANCISCO DE CARVALHO NOGUEIRA JÚNIOR
19/01/2017 17:47
No escopo deste estudo buscou-se na trans-e-interdisciplinaridade uma solução para práticas sustentáveis na construção de cercas e conservação com as espécies nativas. Os objetivos deste trabalho foram desvendar as preferências dos proprietários rurais da região de Paulo Afonso-BA, quanto as espécies nativas utilizadas na construção de suas cercas mortas e avaliar qualitativamente o estado de conservação dessas madeiras. A metodologia trans-e-interdisciplinar permitiu a descoberta de uso de 8 espécies de madeiras sendo uma exótica, As duas espécies preferidas pelos produtores rurais, foram a Braúna, Schinopsis brasiliensis Engl. espécie nativa, e a Algaroba, Prosopis julifora (Sw) DC, espécie exótica do semiárido Peruano e invasora da Caatinga do NEB. A escassez das espécies nativas nas cercas, no entanto, foi constatada através do processo de substituição das estacas nativas pelo uso das estacas da exótica Algaroba. Avaliamos interdisciplinarmente os aspectos dendroecológicos, anatômicos e tecnológicos (físicos e químicos) em estagio de madeira viva e morta (estacas) com a finalidade de validar o estado de conservação da madeira morta, e as estratégias adaptativas de sobrevivência e suas respostas às condições climáticas em madeira viva. Os resultados obtidos para o estudo anatômico, físico e químico do estado de biodegradação das estacas, indicou esgotamento das espécies nativas utilizadas nas cercas. O estagio atual de conservação das cercas compromete as espécies nativas, em função da necessidade iminente de substituição dessas estacas, sugerindo manejo/controle imediato da espécie P. juliflora. A construção de cronologias de anéis de crescimento dessas duas espécies permitiu avaliar localmente à influência do clima da região sobre seu crescimento na Caatinga, a partir da avaliação das diferentes variáveis ambientais locais e eventos climáticos globais para o ENSO e a TSA. A cronologia de P. juliflora se deu entre o período de 1975-2015, com inter-correlação de 0,531 e taxa média de incremento anual de 3,71 mm, enquanto a cronologia de S. brasiliensis ocorreu entre 1963-2015, com inter-correlação de 0,560, e taxa média de incremento anual de 3,33 mm. O crescimento da espécie P. juliflora apresentou correlação com a precipitação anual (52%), estação chuvosa outono/inverno (0,57) e trovoadas (0,35), estando inversamente correlacionada com a temperatura média (-0,47), temperatura máxima (-0,31) e a insolação (-0,43). O crescimento da espécie S. brasiliensis apresentou correlação com a precipitação anual (0,71), estação chuvosa outono/inverno (0,64), umidade (0,39) e trovoadas (0,46), estando inversamente correlacionada com a temperatura do ar (média: -0,59; máxima: -0,41), insolação (-0,51) e evaporação (-0,35). As conclusões observadas foram que a espécie P. juliflora, desde sua introdução em meados da década de 60, ampliou sua área de vida através do seu favorecimento em função das condições climáticas locais e ação dos processos de degradação antrópica da Caatinga através da retirada de suas madeiras, o que está levando a escassez das espécies nativas. Por outro lado o baixo custo das estacas de P. juliflora, madeira tecnologicamente resistente à biodegradação tem viabilizado o processo de substituição das madeiras nativas. Do ponto de vista ecológico e de conservação, são necessárias medidas mitigadoras de controle dessa espécie exótica.
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