Banca de DEFESA: MARCUS VINICIUS NORONHA DE OLIVEIRA
30/01/2016 17:13
Os incêndios florestais são um dos problemas ambientais mais graves do mundo atual, sendo originados, principalmente, a partir do mau uso do fogo em atividades agrícolas. Estudos comprovam que eles têm interferência direta na redução da biodiversidade e na emissão de gases de efeito estufa, além de alterar negativamente a fertilidade do solo. Isso fica ainda mais grave, quando propriedades agrícolas fazem fronteira com áreas naturais protegidas. Em Sergipe, remanescentes de Mata Atlântica dividem espaços consideráveis com monoculturas de cana-de-açúcar, nas quais, todos os anos, são realizados processos de queima controlada antes da colheita. Nesse estado, o mau manejo dessa técnica tem causado problemas como esse ano após ano. Diante disso, pesquisadores do país inteiro têm se dedicado a compreender os principais fatores que contribuem para a maior ocorrência de incêndios florestais, buscando, assim, estabelecer mecanismos de predição do comportamento do fogo e, consequentemente, estabelecer programas de prevenção mais eficientes. O presente trabalho se insere nessa perspectiva, onde foram realizados trabalhos de quantificação do material combustível superficial e de simulações de incêndios em diferentes fitofisionomias do Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco, Capela, Sergipe. Trata-se de uma área de relevante interesse ecológico, com aproximadamente 897 ha, sob a qual é possível encontrar espécies raras e endêmicas como o Callicebus coimbrai (macaco-guigó), ou ainda, nascentes de riachos importantes para o abastecimento da região, como as do Riacho Lagartixo, por exemplo. Dessa forma, o trabalho teve por objetivo avaliar as possíveis diferenças no comportamento do fogo nessa unidade de conservação, gerando conhecimentos importantes para a Ciência e informações úteis para a elaboração de um plano operacional de prevenção e combate aos incêndios florestais na região. Para isso, foram realizadas incursões a campo de Janeiro a Outubro de 2015, onde foram coletadas 60 amostras de material combustível superficial, de acordo com o modelo de propagação do fogo estabelecido por Rothermel (1979), em três fitofisionomias: Bambuzal, Mata Fechada e Área de Transição. Além disso, foram obtidos, também, dados referentes ao teor de umidade do material combustível e de variáveis climáticas como temperatura do ar e umidade relativa do ar. Todo esse material coletado foi devidamente etiquetado e processado em laboratório para a realização das simulações de incêndios. Os dados obtidos nesse trabalho foram armazenados em planilhas do Excel 2007 e processados em softwares estatísticos como o JMP 10.0 e de modelagem do comportamento do fogo como o Eucalyptus Fire Safety Sistem 1.0 e o Behaveplus 5.0. No total, foram coletados 117,23 Kg de material combustível úmido nos ambientes selecionados para esse estudo, com teor de umidade médio de 35,40%, o equivalente a 16,68 t/ha material combustível seco. Tanto na quantificação quanto nas simulações, as áreas de Bambuzal são as mais susceptíveis à ocorrência de incêndios florestais, sendo estes agressivos e de difícil controle. Sendo assim, espera-se que esse trabalho possa contribuir significativamente para o conhecimento de parâmetros inerentes ao comportamento do fogo e para a proteção desse importante fragmento de Mata Atlântica do estado de Sergipe.
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