Banca de DEFESA: MICHELE AMORIM BECKER
26/01/2016 18:33
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o nível de participação das comunidades tradicionais do Baixo São Francisco, especialmente a Comunidade Indígena Xokó e a Comunidade Quilombola da Resina, no processo de comunicação dos riscos socioambientais da transposição e quais foram suas contribuições para a formação da opinião pública sergipana sobre o projeto hídrico. A presente pesquisa foi realizada à luz da Convenção 169 da OIT, sobre povos indígenas e tribais. Duas hipóteses serão comprovadas: primeira, o baixo nível de participação das comunidades tradicionais no processo de comunicação dos riscos socioambientais deve-se a um “não reconhecimento” desses atores sociais enquanto atores de fala, pois tanto o gestor do projeto quanto a imprensa sergipana desconsideram as experiências e as percepções dessas comunidades em relação ao rio e ao ambiente em que vivem; segundo, a restrição desses atores sociais na esfera pública acaba por reduzir também a influência dos mesmos na formação da opinião pública sergipana no que concerne à transposição. A metodologia utilizada é a pesquisa participante, com uma abordagem qualitativa. Seu procedimento metodológico está dividido em três etapas: a pesquisa bibliográfica, imprescindível em qualquer investigação científica; a pesquisa de campo, com um caráter etnográfico, que possibilita um melhor entendimento sobre as relações sociais, culturais e de trabalho das comunidades tradicionais com o rio São Francisco; e a pesquisa documental, fundamental para compreender o nível de participação dessas comunidades no processo comunicativo. Esta pesquisa insere-se no campo Interdisciplinar, pois dialoga com diversas áreas do conhecimento, a exemplo das Ciências Ambientais, Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas. Os resultados evidenciam que durante todo o processo de comunicação dos riscos socioambientais da transposição as comunidades tradicionais observadas tiveram seu direito à participação negligenciado pelo poder público e pela imprensa. Elas afirmam que o acesso à informação foi mínimo e a única forma de se Zomunicar com os demais membros da sociedade foi por meio de manifestações populares, organizadas por movimentos sociais. Por conseguinte, o acesso restrito à esfera pública impossibilitou que as experiências e percepções dessas comunidades tradicionais influenciassem a opinião pública sergipana sobre o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, enfraquecendo o processo democrático.
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