Banca de QUALIFICAÇÃO: MARÍLIA ANDRADE FONTES
03/12/2015 15:13
A questão agrária no Brasil é contraditória e combinada. Portanto avança incorporando terras,
produzindo relações capitalistas, mas produz também, contraditoriamente, as relações
camponesas de produção (Oliveira, 1990). Martins (1981) explica que a expansão do capitalismo
no campo se dá pela sujeição da renda territorial ao capital, seja comprando terra, para explorar
ou vender, ou subordinando a produção de tipo camponês. O campesinato possui como principal
instrumento para sua criação e recriação a luta pela terra (Fernandes, 2008). Ainda existe a luta
na terra pela autonomia e contra a subordinação ao capital, que busca ampliar o controle dos
territórios (Fernandes, 2008). Portanto essa pesquisa se realiza olhando um campesinato que vem
da luta pela terra e que cria mecanismos e estratégias de resistência e enfrentamento à
subordinação do capital por meio da luta na terra. Uma forma de subordinação do campesinato
se dá a partir da dependência do “pacote tecnológico” ou matriz produtiva controlada pelo
agronegócio. Em contraponto, a agroecologia é uma ferramenta da agricultura camponesa que
impulsiona processos de autonomia. No campo Sergipano um recente elemento da questão
agrária é a organização de redes camponesas de agroecologia baseadas nos princípios
metodologicos “camponês a camponês”, que segundo Holt-Gimenez (2008) produz
conhecimento por meio de intercâmbio de trocas de saberes que resignificam suas experiências,
criam processos de resistência e irradiação da agroecologia, orientados pela horizontalidade e
protagonismo camponês. A tese central da pesquisa é que as redes camponesas agroecologia são
capazes de construir processos que contribuem com a autonomia camponesa e, dessa forma,
impedem o avanço de processos de subordinação do campesinato, fortalecendo a luta na terra. É
realizada uma pesquisa-ação que se propõe a sistematizar a experiência da rede “camponês a
camponês”, baseada na metodologia proposta por Diez-Hurtado (2001), adaptado por Souza et al
(2012); Hollidday (2006) que compreendem que sistematizar equivale a entender o sentido e a
lógica do complexo processo que significa uma experiência, e assim, aprender com suas lições.
Os impactos da construção da rede “camponês a camponês” podem ser observados em várias
escalas e dimensões: i) as experiências do campesinato Sergipano saíram do isolamento e estão
articuladas em redes, que trocam fluxos, produtos e aprofundam o entendimento da agroecologia,
e assim constroem conhecimento ii) impulsiona a organização dos camponeses, seja a
organização política, de produção ou econômica iii) constroem o território da agroecologia, por
meio da sociobiodiversidade e ampliando o poder e o controle do campesinato sobre seus
território e ainda iv) são capazes de demandar e implantar políticas públicas desde baixo.
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação/UFS | Telefonista/UFS (79)3194-6600 | Copyright © 2009-2024 - UFRN v3.5.16 -r19130-f2d2efc73e