Banca de QUALIFICAÇÃO: TIAGO COSTA GOES
17/11/2015 10:30
No estudo da ansiedade há dois conceitos distintos: a ansiedade- estado e a ansiedade-traço. A primeira é uma emoção que o indivíduo experimenta quando confrontado com um estímulo ameaçador e, a segunda, é um traço de personalidade relativamente estável ao longo do tempo e fator predisponente para os transtornos ansiosos. A circuitaria neural envolvida nos processos de ansiedade reativa vem sendo proposta nas últimas décadas. Contudo, ainda não se conhece bem o substrato neural do perfil ansioso. Evidências científicas apontam para um possível envolvimento do córtex pré-frontal medial (CPFM) na ansiedade-traço. Este tipo de ansiedade também parece ser sensível à influência de um enriquecimento ambiental, quando este é estabelecido após o desmame. Entretanto, não há estudos mostrando se esta influência também ocorra quando o enriquecimento é estabelecido na idade adulta. Assim sendo, os objetivos do presente estudo foram: 1) investigar a influência do ambiente no traço ansioso de ratos adultos (Experimento I); e 2) investigar o substrato neural da ansiedade-traço por meio do envolvimento do CPFM (Experimento II). Aqui cabe mencionar que como, por definição, a ansiedade-traço modula a ansiedade-estado, esta também foi avaliada. No Experimento I, setenta ratos Wistar adultos, foram primeiramente avaliados no Paradigma da Exploração Livre (PEL – modelo animal de ansiedade-traço), para serem categorizados de acordo com seus níveis de ansiedade-traço (alto, médio e baixo). Subsequentemente, metade do número de animais de cada categoria retornou para sua gaiola (grupo condição padrão) e a outra metade foi exposta a um ambiente enriquecido (grupo condição enriquecida). Após três semanas, todos os animais foram novamente avaliados no PEL. Sete a dez dias após esta avaliação, cinquenta dos setenta animais foram avaliados no Labirinto em Cruz Elevado (LCE – modelo animal de ansiedade-estado). Os dados obtidos foram analisados por meio de testes estatísticos apropriados. Os resultados mostraram que o ambiente enriquecido reduziu a atividade locomotora no PEL, independentemente da categoria de ansiedade e, diminuiu os níveis de ansiedade-traço dos animais com alto traço ansioso. Já no LCE, nenhum efeito do enriquecimento ambiental foi observado nos níveis de ansiedade-estado. No Experimento II, sessenta e seis ratos Wistar adultos, foram primeiramente avaliados no PEL para serem categorizados de acordo com seus níveis de ansiedade-traço. Três a seis dias após esta exposição, todos os animais foram submetidos à cirurgia estereotáxica. Metade do número de animais de cada categoria de ansiedade foi alocada para o grupo lesão do CPFM e a outra metade constituiu o grupo Sham. Sete a nove dias após a cirurgia, todos os animais foram novamente testados no PEL. E, oito a dez dias após esta avaliação, foram testados na Placa Perfurada (PP – modelo animal de ansiedade-estado). Os dados obtidos foram analisados por meio de testes estatísticos apropriados. Os resultados mostraram que a lesão do CPFM aumentou a atividade locomotora no PEL independentemente da categoria de ansiedade e, diminuiu os níveis de ansiedade-traço de ratos com alto traço ansioso. Já na PP, a lesão do CPFM reduziu os níveis de ansiedade-estado dos animais de todas as categorias de ansiedade. Assim sendo, o presente estudo mostrou que o ambiente é capaz, mesmo em indivíduos adultos, de influenciar a ansiedade-traço, a qual tem o CPFM como parte de seu substrato neural.
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