Banca de DEFESA: DORINALDO DOS SANTOS NASCIMENTO
03/07/2015 15:16
Face a manifestações deficitárias em leitura literária associadas ao estreitamento e “apagamento” do lugar do texto literário no ensino fundamental. Desenvolveu-se uma pesquisa-açãopor meio de sequência didática, privilegiando-se a utilização do diário de leitura enquanto instrumento com potencialidades para intervenção e coleta de dados.A aplicação piloto ocorreu com alunos do 9ºano em uma escola da rede pública municipal (Banzaê-BA). Diante disso, objetiva-se com este relatório apresentar e analisar o papel do diário de leitura no processo de apreensão do texto literário (registro e compartilhamento).Enfatiza-se que a prática diarista, aqui adotada, só se concretiza plenamente na sua socialização, cujo círculo de leitura constitui uma efetiva comunidade de leitores (a classe).Para o propósito do ensino da literatura, não se pode confundir o diário de leitura com o diário íntimo - gênero privado em que o produtor, no espaço individual, registra revelações íntimas e sentimentos pessoais. O diário de leitura faz parte da esfera educacional. É um gênero público com elementos do diário íntimo. Podemos defini-lo, então, como um texto escrito em primeira pessoa do singular, a partir de instruções pré-estabelecidas pelo docente. Nele, o leitor, à medida em que lê, dialoga de forma reflexiva com o texto lido, podendo evocar seu repertório de leituras e vivências. Precipuamente, a pesquisa valeu-se de pressupostos teóricos de Machado (1998), Buzzo (2010), Lejeune (2008), Cosson (2014b), Fish (1992), Compagnon (1999), Rouxel (2013) e Langlade (2013). Analisou-se quatro entradas dos alunos, após leitura de dois contos “A cabeça”, de Luiz Vilela (2006) e “Ganhar o jogo”, de Rubem Fonseca (2002). Estes, relidos consoante instrumentalização para reinterpretação via cruzamento com outras linguagens (música e cinema), apresentação de dados/imagens dos autores e contato com textos de crítica literária. As produções dos alunos tiveram como critério analítico os quatro itens de orientação docente pré-estabelecidos para a elaboração dos registros (primeira e terceira entrada), assim como critérios vinculados à reinterpretação (segunda e quarta entradas). Os resultados evidenciaram um aluno-leitor mais protagonista que se responsabiliza pela construção dos sentidos dos textos lidos. Apontaram, junto aos dados formais e de conteúdo do texto literário, a intervenção subjetiva dos leitores vinculada à construção e/ou reforço de identidade (s). Os registros discentes, também, apresentaram lacunas, problemas, cuja intervenção docente se faz imperativo por meio da proposição de soluções e/ou reflexões na compreensão dos fenômenos arrolados. Por fim, depreendemos que houve no processo de leitura dos alunos a conjugaçãodas instâncias pessoal e social.
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