Banca de DEFESA: LEANDRO BENATTO
27/05/2015 10:05
A agroecologia vem conquistando, de modo contraditório, cada vez mais espaço no
mundo rural globalizado. Sua inclusão em políticas públicas reflete a demanda e a força
política da agroecologia e da produção orgânica no Brasil. Neste contexto, o acesso a
tais políticas públicas por um lado representa uma possibilidade de inserção em
mercados, garantindo a geração de renda, autonomia e a reprodução social da família
com vistas às transformações sociopolíticas na direção do desenvolvimento rural
sustentável e por outro, opera taticamente como mecanismo de ampliação do capital ao
incorporar os produtos e serviços oriundos das práticas e modos de viver e trabalhar do
campesinato e o discurso da sustentabilidade como elementos de dinamismo
econômico. Diante desta problemática, a presente dissertação apresenta um estudo de
caso realizado junto aos agricultores da Associação dos Produtores em Agroecologia de
Pão de Açúcar (APAOrgânico) no sertão alagoano, e busca compreender o processo de
construção da experiência agroecológica da APAOrgânico pelos sujeitos sociais a partir
de suas práticas, seus modos de vida, e suas estratégias de reprodução social e, de forma
tangencial, como esta se articula e qual a influência das políticas públicas para a tomada
de decisão e a adesão à agroecologia. O estudo reconstrói os principais sistemas
socioprodutivos engendrados pela agriculta familiar camponesa para viabilizar sua
reprodução social (econômica e cultural) na porção ribeirinha do município de Pão de
Açúcar em um contexto sociopolítico dominado pela elite agrário pecuarista e sua
expressão moderna: o agronegócio. A pesquisa evidenciou a presença de princípios e
práticas agroecológicos realizados pelos agricultores camponeses relacionados ao
manejo tradicional do ecossistema ribeirinho como elementos de identidade e de
sociabilidade, como a cultivo do arroz em sistema de Batalhão, prática integrada de
agricultura e pesca artesanal, o cultivo consorciado de algodão com culturas de
subsistência, a criação de gado solto na caatinga e a comercialização em feiras. Por
outro lado a experiência associativa da APAOrgânico se distancia dessas práticas e se
consolida como uma oportunidade de comercialização. A possibilidade de acesso aos
mercados institucionais, ganha importância como mecanismo de reprodução econômica.
Nesse contexto, de múltiplos interesses, de forma dialética o agricultor familiar
ribeirinho vinculado à APAOrgânico desenvolve mecanismos de agência e de forma
ativa define suas formas de resistência, seus modos de vida e suas estratégias de
reprodução social. Essa experiência concreta aponta para a reflexão das particularidades
do ambiente institucional em torno da promoção da agroecologia no contexto local,
sendo neste caso fortemente influenciado por relações interpessoais que irão determinar
a forma e o contorno da experiência agroecológica da APAOrgânico.
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