Banca de DEFESA: ANTONIO SANTANA CARREGOSA
05/02/2015 16:42
Esta tese examina a “evolução” no mandonismo local e no cotidiano da política no município baiano de Paripiranga em face das transformações socioeconômicas e politico-institucionais que ocorreram no país e no estado nas últimas décadas. A base de dados foi constituída a partir de levantamento histórico (com base em bibliografia e documentação) e estatístico, realização de entrevistas e, principalmente, observação participante. A tese esclarece que o poder de mando no município se modificou ao longo do tempo tendo em vista o progressivo arrefecimento da estrutura oligárquica tanto local quanto regional. Com o processo de redemocratização e as mudanças políticas subsequentes – por exemplo, a decadência do “carlismo” no caso da Bahia – o quadro tornou-se mais complexo e multifacetado com a fragmentação das antigas facções, a emergência de novos personagens e o fortalecimentos de instituições como justiça e segurança pública. No entanto, a cultura política resiste a essas mudanças, o que fica mais evidente nas eleições municipais, quando ainda ocorre o enfrentamento visceral e muitas vezes violento entre dois polos políticos (o da situação e o da oposição), ocasião em que muitos eleitores fazem barganha com o voto. Apesar do papel que a “prestação de favores” e a intermediação de “benefícios sociais” têm na definição de adesões eleitorais, o dinheiro tem-se tornado a principal dádiva e transformado as eleições em verdadeiros “negócios”. Com efeito, formam-se poderosas máquinas eleitorais, sobretudo em torno dos agrupamentos situacionistas que têm a seu favor os recursos públicos e os empresários com os quais a prefeitura faz seus negócios, que além de promoverem a “compra de votos” utilizam da violência física como recurso. Diante disso, a tese conclui que as transformações socioeconômicas e político-institucionais que ocorreram no Brasil nas últimas décadas têm provocado fissuras no mandonismo local e tornado a política mais complexa e multifacetada, mesmo nos pequenos municípios sertanejos. Todavia, nestes contextos, que ainda mantêm características de sociedade rural como interações face a face e relações de reciprocidade, essas transformações que emergem da “sociedade global” são ajustadas e ressignificadas, configurando um processo com rupturas e permanências.
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