Banca de DEFESA: MARIANA ALVES PAGOTTO
30/01/2015 12:06
A região semiárida do Estado de Sergipe apresenta uma quantidade expressiva de assentamentos de reforma agrária cuja exploração predominante tem sido a pecuária, a agricultura de subsistência e os recursos madeireiros, que assumem importante papel no contexto social dos assentados. São escassas as informações sobre a estrutura da vegetação da Caatinga em áreas de assentamentos, e as características da madeira de espécies úteis como fonte de energia primária para as famílias assentadas. Essa escassez limita a compreensão das características relativas à produtividade das plantas, qualidade da madeira e os fatores ambientais que condicionam a vida das árvores, conhecimentos considerados essenciais para aperfeiçoar programas de manejo sustentável. Os objetivos deste trabalho foram diagnosticar o atual status social, econômico e ambiental do assentamento Barra do Onça, Poço Redondo, SE, e investigar as características de sua vegetação, destacando as particularidades anatômicas da madeira de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro), espécies utilizadas pelos assentados. Foram realizadas 22 entrevistas semi-estruturadas com os agricultores do assentamento para a análise socioambiental. No estudo da flora local, foram utilizados os métodos wandering-quarter e as fotografias hemisféricas para o conhecimento da estrutura da vegetação e da dinâmica do dossel, respectivamente. Por meio dos métodos clássicos da anatomia da madeira, da ciência da dendrocronologia e da densitometria de raios X foi possível caracterizar o lenho das árvores e sua resposta às variáveis ambientais. Os resultados mostraram que apesar da boa infraestrutura do assentamento, os assentados enfrentam limitações quanto à escolaridade, à produtividade e a diversificação de atividades econômicas. As práticas da agricultura de sequeiro e da pecuária leiteira não têm sustentabilidade ecológica e as consequências socioeconômicas são notadas na oscilação da produtividade, migração dos assentados e degradação da Caatinga. A vegetação arbórea do assentamento apresentou diversas espécies de caráter pioneiro, demonstrando que as matas vêm sendo exploradas pela comunidade. A Poincianella pyramidalis foi a espécie mais abundante seguida de Aspidosperma pyrifolium. Ambas apresentaram o lenho com adaptações anatômicas características de vegetação de ambiente xérico e o crescimento secundário foi influenciado pela precipitação local e pela temperatura da superfície do oceano Atlântico. P. pyramidalis apresentou fibras mais espessas e maior quantidade de celulose, expressas na elevada densidade da madeira, refletindo o potencial para a geração de energia. As informações oriundas deste estudo apontam que a P. pyramidalis é uma espécie muito abundante no local e pode ser utilizada no manejo sustentável para a geração de energia, contribuindo tanto para a inserção de uma atividade econômica complementar na renda dos assentados, quanto para o uso mais sustentável deste recurso.
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