Banca de QUALIFICAÇÃO: JOSÉ COURAS DA SILVA FILHO
16/01/2015 15:36
RESUMO
O monoterpeno Endo-(1S)-1,7,7-Trimetilbicíclico[2.2.1]heptan-2-ol ou (-)-borneol (BOR) (C10H18O) está presente em óleos essenciais de várias plantas medicinais. Em estudos prévios, BOR apresentou atividades analgésica, anti-inflamatória, vasorrelaxante e antioxidante. Entretanto, sua instabilidade térmica e sua baixa solubilidade em água reduzem sua aplicação terapêutica. Este trabalho teve como objetivo preparar um complexo de inclusão entre o BOR e a β-ciclodextrina (β-CD), avaliar a resposta vasorrelaxante e a atividade anti-hipertensiva induzida pelo BOR e pelo complexo BOR/β-CD utilizando uma abordagem in vitro e in vivo. Também foi verificado a citotoxicidade e a toxicidade aguda do BOR e do complexo BOR/β-CD. A caracterização do complexo BOR/β-CD foi realizada através de espectroscopia de absorção no infravermelho, calorimetria exploratória diferencial e difração de raios X e cálculos DFT para a confirmação do complexo formado mais favorável entre o BOR e a β-CD. Para realização dos experimentos in vitro e in vivo com o complexo BOR/β-CD ratos Wistar machos (250-300 g) foram tratados através da adição de NG-nitro-L-arginina-metil-éster (L-NAME 0,5 mg/mL) na água para consumo ou na dose de (100 mg/Kg v.o.) durante 7 dias, tempo suficiente para produção da hipertensão arterial. Nos testes in vitro, a adição cumulativa do BOR (10-9-10-3M) induziu um efeito vasorrelaxante dependente de concentração e independente do endotélio. Um efeito similar foi obtido por pré-contração induzida com KCl 80 mM. Além disso, o monoterpeno BOR (10-5-10-2M) inibiu as contrações induzidas pela adição cumulativa de fenilefrina (10-9-10-5M) de uma maneira dependente de concentração. Em preparações pré-contraída por S-(-)-Bay K 8644 (0,1 mM), um ativador CaVL, o BOR também induziu um efeito vasorrelaxante. Em animais normotensos na presença do L-NAME (inibidor do óxido nítrico sintetase) ou na presença do PTIO (sequestrador intracelular de óxido nítrico) o BOR deslocou a curva para direita, mas não alterou a resposta máxima. Em artérias de ratos hipertensos, na presença de calmidazolium (um inibidor da calmodulina), L-NAME, bisindolilmaleimida (10-7) (inibidor da PKC) e TEA 3 mM (bloqueador não seletivo de canais para potássio), houve uma atenuação no vasorrelaxamento promovido pelo BOR. Já o TEA 1 mM (um inibidor dos canais para potássio sensíveis ao cálcio de grande condutância), não atenuou o vasorrelaxamento. Nos testes in vivo o complexo BOR/β-CD induziu uma hipotensão por um período de 300 minutos, mostrando-se melhor agente anti-hipertensivo do que o BOR livre. Em estudo de citotoxicidade, pelo teste do MTT, avaliou-se a viabilidade das células HUVECs e CMLV, frente ao BOR. Os resultados mostraram que o BOR (10-9M e 10-7M) não causa danos nos modelos de células estudadas, ocorrendo apenas uma pequena redução na viabilidade celular quando se utilizou a concentração mais elevada de 10-3M. A toxicidade aguda foi avaliada em camundongos Swiss adultos após administração de BOR/β-CD 2 g/kg (v.o), pelo screening hipocrático, ganho de peso e peso relativo dos órgãos (coração, fígado, pulmão e rins) e avaliação de parâmetros bioquímicos. O complexo BOR/β-CD não provocou morte e nem demonstrou toxicidade na dose testada. O complexo não alterou o peso corporal e dos órgãos avaliados. Na análise bioquímica, ocorreu uma diminuição significativa da glicose do grupo tratado com o complexo BOR/β-CD em relação ao grupo controle. Conclui-se, que o monoterpeno BOR induz um efeito vasorrelaxante independente do endotélio, envolvendo provavelmente a inibição do influxo de cálcio através dos canais para cálcio sensíveis a voltagem, e que o complexo BOR/β-CD possui efeito anti-hipertensivo e não apresenta toxicidade aguda na dose testada, passo importante para o desenvolvimento de medicamentos seguros e eficazes.
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