Banca de QUALIFICAÇÃO: MÁRCIO DOS REIS SANTOS
09/07/2014 10:29
O processo de reestruturação produtiva com a expansão das indústrias em Sergipe é marcado pela cumplicidade entre Estado e capital, representada pelos subsídios, isenções fiscais, cessões de imóveis estatais e uma série de aparatos do Estado colocados à disposição do capital, de modo irrestrito, para que este possa explorar o excedente da força de trabalho. O município de Simão Dias se insere nessa lógica do capital ao sediar a instalação da indústria de calçados pertencente ao Grupo Gaúcho Dakota no ano de 2005. Milhares de trabalhadores foram contratados muitos dos quais não conseguiram manter-se em suas terras na unidade de produção familiar e acabaram sujeitando sua força de trabalho ao assalariamento como pagamento por horas a fio de trabalho exaustivo e precarizado. Nesse contexto, este projeto de pesquisa de mestrado propõe refletir sobre a relação Estado-Capital no processo de apropriação da força de trabalho do campo por meio da industrialização - especificamente pela indústria calçadista no município de Simão Dias -, como componente do processo de descentralização da produção industrial e expansão do capital no campo. A necessidade de discutir a problemática requer o conhecimento do conceito de espacialização, a partir do entendimento das categorias de análise: campo/cidade, trabalho, Estado, mobilidade do trabalho, divisão social e territorial do trabalho. Pretende-se analisar as alterações na divisão territorial e social do trabalho com a expansão das indústrias em Sergipe, tendo como significante a mobilidade do trabalho e a acumulação flexível capitalista, na especificidade da indústria calçadista no município de Simão Dias. A análise está pautada no método do materialismo histórico dialético, que conduz à experiência, à abstração e ao concreto, observando a totalidade dos processos estudados na interpretação do real, com relevância o aprofundamento epistemológico das categorias, espaço e território. Para realização dessa pesquisa estão sendo desenvolvidas análises qualitativa e quantitativa da relação capital-trabalho com a instalação de indústrias no campo sergipano. A abordagem quantitativa desvenda dados, indicadores e tendências, enquanto a qualitativa aprofunda os fenômenos e fatos em sua complexidade. Nessa direção é fundamental o exercício da reflexão sobre o modelo de reestruturação produtiva adotado no Brasil e em Sergipe, e sobre as formas de trabalho às quais estão submetidos os trabalhadores.
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