Banca de DEFESA: CAROLE FERREIRA DA CRUZ
02/04/2014 11:04
O presente trabalho se propõe a investigar a crescente apropriação da Internet para o fortalecimento do ativismo anti-homofobia no Brasil, que tem como principal referência a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). A entidade constitui atualmente a maior rede LGBT da América Latina e se articula via grupo de discussão eletrônico, utilizado como ferramenta para produção de informação, comunicação e mobilização de ativistas, militantes e apoiadores. Em razão das especificidades do objeto e da consequente necessidade de adequações teórico-conceituais, este estudo está embasado em duas metodologias complementares: análise de conteúdo e etnografia virtual. A coleta de dados abrangeu os tópicos que motivaram maior participação e repercussão midiática, os quais se concentraram nos anos de 2012 e 2013. Essa coleta resultou em quatro estudos de caso representativos dos eixos paradigmáticos norteadores do ativismo dentro da rede: antagonismo político-institucional (embates com a bancada evangélica); e antagonismo midiático (embates com a grande mídia). Entre as conclusões da pesquisa estão: os repertórios de ação (em rede, midiáticos, ciberativistas) surgem como táticas de reforço para dar uma maior dimensão e tornar mais eficiente o ativismo político; a busca da visibilidade midiática é uma estratégia imbricada nas ações ativistas que abrange as mobilizações “intermídia” nas plataformas digitais e as tentativas recorrentes de pautar os veículos jornalísticos; as articulações, mobilizações e intervenções online e off-line estão correlacionadas, podendo tanto começar nos espaços de interação mediada quanto nos espaços políticos tradicionais e vice-versa; a mobilização de ativistas ocasionais e demais parceiros informais é uma prática estratégica para visibilizar e reforçar os mecanismos de pressão; o grupo de discussão é potencialmente mais ativo nas conversações civis para fins de troca de informações, análise de conjuntura, consulta especializada, planejamento e avaliação de ações; o ciberativismo é notadamente mais bem-sucedido nas situações em que a Internet exerce um papel relevante na disseminação de canais informativos alternativos para a conscientização e o engajamento coletivos; a associação do ativismo político a uma série de repertórios midiáticos, online e em rede tem contribuído para ampliar a visibilidade, o conjunto de alianças e o apoio da sociedade em torno das lutas anti-homofobia no país.
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