Banca de QUALIFICAÇÃO: WAGNER EMMANOEL MENEZES SANTOS
06/01/2014 14:37
O surgimento das fábricas marcou profundamente a sociedade através da transformação dos hábitos e das relações entre os indivíduos, novas tecnologias surgiram, e até a noção de tempo ganhou outro sentido. O homem teve que vender a sua mão de obra ao capitalista industrial fazendo parte do processo de assalariamento, e assim se sujeitando a vida diária dentro da fábrica através de longas jornadas de trabalho, horários rígidos, etc. Muitos operários enfrentaram essas condições de trabalho no Brasil, principalmente nos anos iniciais do período republicano. Em Sergipe, as fábricas têxteis contribuíram para o desenvolvimento do estado trazendo mudanças sociais, políticas e culturais. Para entender o crescimento do setor têxtil e o cotidiano operário, essa pesquisa analisou a vida dos trabalhadores – alimentação, moradia, vestuário, lazer, conflitos internos, etc., - dentro e fora da fábrica Confiança, fundada em 1907, em Aracaju, e que tinha Sabino Ribeiro como principal diretor. O recorte temporal compreende de 1949, momento de forte desenvolvimento da fábrica, até 1957, ano em que haverá uma crise no setor têxtil nacional e que afetará também Sergipe. As fontes utilizadas foram a revista Poliantéa, os periódicos Fôlha Popular e Gazeta Socialista, as obras dos memorialistas Mário Cabral e Murillo Melins, a literatura de Amando Fontes e os processos trabalhistas movidos pelos operários contra a fábrica Confiança. O aporte teórico dessa pesquisa baseia-se no conceito de disciplinarização, proposto por Michel Foucault, em seu livro “Vigiar e Punir” (1975). No entanto, se havia um intenso processo de controle, os operários conseguiam burlá-lo através de resistências cotidianas. E. P. Thompson, na trilogia Formação da classe operária inglesa (1963), mostra o “fazer-se” dos operários, isto é, a construção política de uma classe. A problemática geral da pesquisa é, primeiramente, compreender como se dava o processo de disciplinarização no cotidiano dos trabalhadores da fábrica Confiança, cujo propósito do patrão era aumentar o seu lucro e majorar a produção diária, e, no segundo momento, analisar as resistências operadas pelos operários da fábrica contra esse controle e sujeição.
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