Banca de QUALIFICAÇÃO: MISLENE VIEIRA DOS SANTOS
06/01/2014 14:30
Esta pesquisa investiga a atuação do Estado sobre a cultura artística que se difundiu nos anos 1960 e 1970, sobretudo no campo musical. Observou-se que a ação dos governos militares sobre a cultura se deu em geral de duas formas: através da censura e da promoção de uma cultura pouco politizada, evitando polêmicas e temas que levassem ao engajamento social e político. Para compreender a censura musical, essa pesquisa analisou a legislação relativa à censura, discutindo as permanências e modificações ocorridas no pós-64, bem como composições, programação de eventos e depoimentos orais. O uso da cultura se fazia de modo cada vez mais eminente enquanto instrumento com potencial legitimador do status quo; tendo o Ministério da Educação e Cultura (MEC) papel fundamental ao lançar diretrizes voltadas à promoção da cultura, através de seu Departamento de Assuntos Culturais (DAC). É dentro desse contexto que se analisa o Festival de Arte de São Cristóvão (FASC), ocorrido em Sergipe, de 1972 a 1995, período em que foi organizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Esse Festival representa um modelo de evento executado com o apoio financeiro do Estado, que criou, entre tantos outros, mais um espaço de difusão de uma cultura pouco politizada e de propagação de discursos defensores da política cultural dos governos militares. As discussões sobre os conceitos de representação e apropriação de Roger Chartier norteiam a problemática dessa pesquisa. Entende-se a partir daí, que no diverso cotidiano da vida social, no marco temporal aqui investigado, coexistiram diversas representações da realidade, as quais apesar de partirem dos interesses de grupos específicos buscavam a generalização e promoção de práticas condizentes com tais interesses. É no conflito entre representações destoantes que se enxergou a pluralidade e complexidade do uso e produção da cultura.
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