Banca de DEFESA: LUCIANA DE CASTRO NUNES NOVAES
14/03/2013 08:46
A morte visível e a vida invisível: um estudo sobre Arqueologia da Religião no Brasil
Arqueologia da Religião; Paisagem Sagrada; Enseada de Água de Meninos; Exu.
O objetivo desse estudo é compreender arqueologicamente a Enseada de Água de Meninos (Salvador/Bahia) como uma paisagem sagrada, composta por camadas de significados materiais e intangíveis, devido à presença submersa de uma estrutura de ferro atribuída a Exu nesse espaço. Dessa forma, a presença intencional da estrutura religiosa ao fundo da Enseada após o último processo de aterro da região em 1906 configura esse espaço como um sítio histórico, permitindo pensar sobre os processos de apropriação religiosa da paisagem, de manipulação da materialidade e da construção de realidades diaspóricas no Novo Mundo. Exu possui poderes míticos relacionados ao comércio e à comunicação, cultuado atualmente na extensão do Golfo do Benin e no interior das religiões afro-brasileiras, é considerado o protetor das feiras e dos mercados como também patrono da circulação de bens e saberes. Por sua vez, a estrutura religiosa, foi registrada próxima ao Ferry Boat. O espaço do Ferry Boat está situado entre a região histórica da presença de sucessivas feiras entre o século XIX e XX e o Porto marítimo de Salvador em funcionamento desde o século XVI em Água de Meninos. Para tanto, a Arqueologia da Religião é entendida como o campo teórico-metodológico a ser utilizado na problematização da cultura material afro-religiosa e da paisagem da Enseada, permitindo que os aspectos rituais, religiosos e sagrados das populações afrodescendentes na Bahia do início do século XX ganhem sentido e significado arqueológico.
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