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SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas
UFS › SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas São Cristóvão, 24 de Abril de 2024

ZOOTECNIA/DZO - São Cristóvão

 

Course  Level  Graduate

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA - DZO

News

SOBRE MITOS E VERDADES NA PRODUÇÃO ANIMAL


SOBRE MITOS E VERDADES NA PRODUÇÃO ANIMAL
No último domingo dia 02/07/2017, a TV Sergipe apresentou no seu programa Estação Agrícola a seguinte chamada “Entenda a diferença entre ovos caipiras e de granja”, para o qual foi convidada uma profissional da área de nutrição humana para tratar do assunto. Na reportagem, a nutricionista se dispôs a apontar características de dois produtos que valorizassem o produto “caipira” em comparação ao produto, como ela mesmo definiu, de “granja”. O problema, e não por menos o motivo deste texto, foram os argumentos apresentados para diferenciar ovos de granja e ovos caipiras, na qual deixa claro que é usado hormônios para produzir ovos e carne, declaração que gerou descontentamento entre os profissionais que atuam na produção animal, principalmente os Zootecnistas do Estado de Sergipe.
Para que possamos entender a polêmica gerada pela reportagem é preciso saber que por norma, carne ou ovos caipiras provem de raças e linhagens de crescimento lento, com acesso às áreas livres para pastejo em sistema semiextensivo e que não recebam, via ração, melhoradores de desempenho e anticoccidianos profilaticamente. Dando legalidade a esse assunto a Instrução Normativa IN nº 17 de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz no Art. 1º “ É proíbido a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar”. Portanto fica claro, é proibido o uso de hormônios na produção animal, quem usar está contra as normas e deve ser punido.
O fato é que a nutricionista utilizou como principal fator de diferenciação dos produtos supracitados um argumento falacioso, um verdadeiro mito que paira sobre a produção animal e, neste caso específico, sobre a produção de galinhas poedeiras. O mito em questão é o uso de hormônios na alimentação animal, que por vezes é difundido por alguns, e quero deixar claro que isso não é uma generalização, dos profissionais da área de saúde humana (nutricionistas, médicos nutrólogos, entre outros). O uso de hormônios na nutrição animal não é verdadeiro e nem seria uma possibilidade, uma vez que hormônios são tipos especiais de proteínas e, para serem utilizados deveria ser fornecido ou via dieta ou ser injetado individualmente. Se forem consumidos via alimentação, são degradados com qualquer outra proteína que entra no trato digestório, pelas enzimas proteolíticas estomacais e pancreáticas. O produto final dessa ação é a absorção de aminoácidos que não cumprem isoladamente qualquer papel hormonal
No aspecto bioquímico, um dado hormônio de crescimento é uma proteína que tem local e ação específica, uma meia vida curta e sua produção endógena é fortemente influenciada pela a nutrição. fato que para um hormônio ou uma enzima serem efetivos, eles precisam manter suas estruturas intactas ao chegar à corrente sanguínea, o que pelo que apresentamos, não é possível via alimentação. Além disso, o organismo animal não possui aparato enzimático capaz de reestruturar essas moléculas na corrente sanguínea, o que comprova, mais uma vez, que consumir hormônios não seria efetivo no organismo das aves e, portanto, não valeria a pena investir nesse tipo de recurso para aumentar a produção de ovos ou quaisquer outros produtos de origem animal (carne, leite, etc).
E se alguém bem esclarecido nos perguntar: “Certo professores, e se os produtores de aves estiverem injetando os hormônios nos animais?”. Nós responderemos que isso seria extremamente inviável financeiramente, uma vez que a produção de “granja” conta com plantéis com grande quantidade de animais, por vezes na casa dos milhares. Injetar os hormônios demandaria muita mão de obra, o que inviabilizaria a produção animal (devemos lembrar que estamos falando de um negócio que precisa ser lucrativo para valer a pena). Hipotetizemos que um produtor tem um galpão com 10.000 aves o que renderia se tudo correr bem, 700 dúzias de ovos, para aplicas cada dose de hormônio levaria 10 segundos, gastaríamos nada mais que 28 horas para terminar o serviço. Considerando a meia vida hormonal é de algumas horas, para o efeito ser duradouro teria que fazer tudo novamente, pois ovo se produz todos os dias e tecido muscular a todo momento.
Digamos a verdade sobre a produção animal, o avanço que presenciamos hoje é fruto dos esforços de diversos segmentos e de profissionais da área de produção animal, entre eles os Zootecnistas, que contribuíram para a evolução da mesma. O tripé mais importante, para o que vivemos hoje, foram os avanços no campo do melhoramento genético animal, nutrição animal e práticas de manejo (melhorias em instalações, bem estar animal e sanidade). E portanto, tais fatores (e não os hormônios) são os verdadeiros responsáveis pela alta produtividade do setor. Infelizmente, muitas são as inverdades que circulam na a mídia escrita e televisionada, cada um deve saber identifica-las. Mas é função da academia, como detentora do saber e dos profissionais bem formados e atuantes na área a missão de informar o certo. Se não o fazemos devemos assumir nossa parcela de culpa, mas se nos responsabilizamos ético e tecnicamente precisamos dar ao consumidor os devidos esclarecimentos e derrubar mitos que marginalizam toda uma cadeia produtiva e criam temor na sociedade.
Texto desenvolvido pelos professores Claudson Brito e Valdir Ribeiro dos Departamentos de Zootecnia da Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão e Campus do Sertão.

SOBRE MITOS E VERDADES NA PRODUÇÃO ANIMAL

 

No último domingo dia 02/07/2017, a TV Sergipe apresentou no seu programa Estação Agrícola a seguinte chamada “Entenda a diferença entre ovos caipiras e de granja”, para o qual foi convidada uma profissional da área de nutrição humana para tratar do assunto. Na reportagem, a nutricionista se dispôs a apontar características de dois produtos que valorizassem o produto “caipira” em comparação ao produto, como ela mesmo definiu, de “granja”. O problema, e não por menos o motivo deste texto, foram os argumentos apresentados para diferenciar ovos de granja e ovos caipiras, na qual deixa claro que é usado hormônios para produzir ovos e carne, declaração que gerou descontentamento entre os profissionais que atuam na produção animal, principalmente os Zootecnistas do Estado de Sergipe.Para que possamos entender a polêmica gerada pela reportagem é preciso saber que por norma, carne ou ovos caipiras provem de raças e linhagens de crescimento lento, com acesso às áreas livres para pastejo em sistema semiextensivo e que não recebam, via ração, melhoradores de desempenho e anticoccidianos profilaticamente. Dando legalidade a esse assunto a Instrução Normativa IN nº 17 de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz no Art. 1º “ É proíbido a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar”. Portanto fica claro, é proibido o uso de hormônios na produção animal, quem usar está contra as normas e deve ser punido.O fato é que a nutricionista utilizou como principal fator de diferenciação dos produtos supracitados um argumento falacioso, um verdadeiro mito que paira sobre a produção animal e, neste caso específico, sobre a produção de galinhas poedeiras. O mito em questão é o uso de hormônios na alimentação animal, que por vezes é difundido por alguns, e quero deixar claro que isso não é uma generalização, dos profissionais da área de saúde humana (nutricionistas, médicos nutrólogos, entre outros). O uso de hormônios na nutrição animal não é verdadeiro e nem seria uma possibilidade, uma vez que hormônios são tipos especiais de proteínas e, para serem utilizados deveria ser fornecido ou via dieta ou ser injetado individualmente. Se forem consumidos via alimentação, são degradados com qualquer outra proteína que entra no trato digestório, pelas enzimas proteolíticas estomacais e pancreáticas. O produto final dessa ação é a absorção de aminoácidos que não cumprem isoladamente qualquer papel hormonalNo aspecto bioquímico, um dado hormônio de crescimento é uma proteína que tem local e ação específica, uma meia vida curta e sua produção endógena é fortemente influenciada pela a nutrição. fato que para um hormônio ou uma enzima serem efetivos, eles precisam manter suas estruturas intactas ao chegar à corrente sanguínea, o que pelo que apresentamos, não é possível via alimentação. Além disso, o organismo animal não possui aparato enzimático capaz de reestruturar essas moléculas na corrente sanguínea, o que comprova, mais uma vez, que consumir hormônios não seria efetivo no organismo das aves e, portanto, não valeria a pena investir nesse tipo de recurso para aumentar a produção de ovos ou quaisquer outros produtos de origem animal (carne, leite, etc).E se alguém bem esclarecido nos perguntar: “Certo professores, e se os produtores de aves estiverem injetando os hormônios nos animais?”. Nós responderemos que isso seria extremamente inviável financeiramente, uma vez que a produção de “granja” conta com plantéis com grande quantidade de animais, por vezes na casa dos milhares. Injetar os hormônios demandaria muita mão de obra, o que inviabilizaria a produção animal (devemos lembrar que estamos falando de um negócio que precisa ser lucrativo para valer a pena). Hipotetizemos que um produtor tem um galpão com 10.000 aves o que renderia se tudo correr bem, 700 dúzias de ovos, para aplicas cada dose de hormônio levaria 10 segundos, gastaríamos nada mais que 28 horas para terminar o serviço. Considerando a meia vida hormonal é de algumas horas, para o efeito ser duradouro teria que fazer tudo novamente, pois ovo se produz todos os dias e tecido muscular a todo momento.Digamos a verdade sobre a produção animal, o avanço que presenciamos hoje é fruto dos esforços de diversos segmentos e de profissionais da área de produção animal, entre eles os Zootecnistas, que contribuíram para a evolução da mesma. O tripé mais importante, para o que vivemos hoje, foram os avanços no campo do melhoramento genético animal, nutrição animal e práticas de manejo (melhorias em instalações, bem estar animal e sanidade). E portanto, tais fatores (e não os hormônios) são os verdadeiros responsáveis pela alta produtividade do setor. Infelizmente, muitas são as inverdades que circulam na a mídia escrita e televisionada, cada um deve saber identifica-las. Mas é função da academia, como detentora do saber e dos profissionais bem formados e atuantes na área a missão de informar o certo. Se não o fazemos devemos assumir nossa parcela de culpa, mas se nos responsabilizamos ético e tecnicamente precisamos dar ao consumidor os devidos esclarecimentos e derrubar mitos que marginalizam toda uma cadeia produtiva e criam temor na sociedade.Texto desenvolvido pelos professores Claudson Brito e Valdir Ribeiro dos Departamentos de Zootecnia da Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão e Campus do Sertão.


Notícia cadastrada em 03/07/2017 14:31  

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